Ter genro!

Deus! Que coisa mais triste perceber que sua filha já não tem mais as mãos, o rosto, o jeito de bebê. De repetente chego em casa deparo com um cidadão, que nem sei de onde veio, o que faz, o que pretende, sendo o centro de todas as atenções dela. Passa semana, passa mes e lá está ele. Lá está ela, mal humorada com todos nós, mas o telefone toca, ela atende e é amor, pra cá, amor pra lá. Será que isso é normal? Não é um simples ciúme, aquela animosidade natural Sogro-Genro, como a antiga e eterna rivalidade entre Gato e Rato, Gato e Cachorro. É uma sensaçao de perda. No momento em que a filha começa a descobrir o quer fazer em termos de profissão, começando os estudos, preparando para o vestibular, vem a  pessoa e rouba-lhe o tempo, rouba-lhe o sonho e coloca outros no lugar. Por outro lado, penso nos pais, sogros do outro lado. O que devem achar respeito também.
Só sei que não é bom. Não é fácil, mas eu tenho que acreditar que tudo é para o crescimento da filha e do meu também...tento assimilar isso o mais rápido possível, pois eu tenho mais uma que ainda tem a pele de bebê, mãos de bebê, sorriso de bebê e ainda vê em meu pescoço o dorso mais confortável de um cavalo para levá-la da garagem para dentro de casa.

Rádio Barbacena, 67 ANOS. Parabéns

                           No aniversário da Rádio Barbacena, hoje Globo, mas a mesma emissora, a  tradicional RB, eu gostaria de manifestar aqui minha alegria por ter crescido, vivido grande parte da minha vida, tendo a Rádio com suas ricas programações como companheira em vários momentos. Jamais vou esquecer o Programa do Barbosa Silva aos domingos alegres na minha casa, quando não importava o que estivesse acontecendo, não importava se havia visitas, o rádio não era desligado.  Antes, porém tínhamos a missa  com a voz inconfundível do Padre Alvim Barroso.

                           Durante a semana, o Armando Santiago nos brindava, logo de manhã, como suas músicas sertanejas e seus recados, alguns bizarros pra hoje, mas extremamente úteis, como “Alô, alô, Dona Maria de Padre Brito, seu João, pede para esperar com o cavalo no ponto, pois ele saiu no ônibus das 08:00 horas”. Mais tarde o programa de esportes e outras notícias com  Adalto Machado. Tenho viva na memória  o música que era cantada anunciando o Jornal: “Sensacional, já vai agora o seu jornal. Política, economia, o que vem o que vai por imenso Brasil. Notícia geral, notícia local, jornal sensacional”. E dentro do jornal o bloco esportivo com a música  “Chegou a hora de saber quem é mais forte, nos esporte, no esporte. Quem é bom de bola, quem é bom na raquete, no voley ou no basquete”.  Mais tarde, embora católicos, não deixamos a rádio, nem durante o programa religioso do Pastor Roberto ICOCK (Não sei se o sobrenome escreve-se assim). Até hoje me recorda da música “ A Assembléia de Deus está no ar pra levar o Evangelho ao seu lar”. Independente da fé que professávamos, com certeza a mensagem foi levada, deixada e deu frutos.  Antes de ir para a aula à noite, já chateado por não poder jogar bola com os amigos, por ter escolhido outro caminho, descia correndo a minha rua em Campolide, até chegar ao ponto do ônibus. Tinha que ser correndo, pois eu e minha irmã e irmão, só descíamos após a prece do Beraldo Rigoti. Ao final da aula, no ônibus novamente, ainda ouvíamos os bordão  inesquecível pronunciado pelo vozeirão do Moreira Junior: “Pra você reviver um passado que não está tão distante e,só porque nós sabemos que vocês gostam., assim, sa, se,si, só sucesso ...”

                           Como esquecer do Soldado Valério? Comunicador nato. Pioneiro da reportagem policial no Estado de Minas Gerais. Ouvi quando criança e uma das minhas grandes alegrias, foi quando, depois de muitos anos,  após  tanta procura, consegui que ele fosse conversar comigo no Quartel, para eu dizer do orgulho que tenho por vestir a mesma farda que ele. Vi sua lucidez quando ele com os olhos cheios de lágrimas citou seu bordão conhecidíssimo, “São 12 horas. Os ponteiros, apontam para o Céu”.  Lembro-me que naquele momento, a localidade de Campolide parava. Anos depois, tive a grata satisfação de saber que o mesmo acontecia em toda nossa região, nas casas, no comércio sempre davam um jeitinho de ouvir o que o Sentinela da Mantiqueira tinha pra dizer.

                          Por motivos profissionais, eu tive que deixar a nossa Barbacena a nossa “BQ”, Ouro Preto, Mariana, Belo Horizonte, Extrema, Pouso Alegre e Conselheiro Lafaiete, retornando 18 anos depois. Mas, quis o destino que eu voltasse e exercesse  uma função que me obrigaria a estreitar o relacionamento com a imprensa em geral e,  sob pena de fracasso na carreira se não o fizesse. E, acabei voltando a ouvir a emissora, agora carregando o poderoso nome da Globo, mas mantendo a essência, a simplicidade, buscando a participação do povo como antes, informando, instruindo, alertando. E eu me senti em casa.

                           Pessoas maravilhosas hoje, sem citar nomes para não correr o risco de esquecer de alguém, cuidam desse nosso patrimônio, que neste dia 11 de janeiro comemora 67 anos de idade.  Pessoas que mantêm e fortalecem nossa Rádio Barbacena. Tenho orgulho também de relatar que um sargento amigo meu, outro dia comentou que pensou que eu havia trabalhado na rádio por ser tão bem quisto por todos lá. Eu disse que não mas a recíproca é verdadeira. Nenhum da equipe trabalha comigo na PM mas todos têm nosso respeito e admiração.  Que possamos comemorar juntos,  o centésimo ano da emissora. Parabéns!