sexta-feira, 27 de junho de 2014

LEI DA PALMADA

Lei da Palmada: Projeto de Lei nº 7.672/10

Corre-se o risco de, por meio de uma atuação equivocada, desdenhar a instituição da família e, em nome do futuro, abalar o presente e olvidar o passado. O projeto em questão, acaso aprovado, não pode ter o significado de uma colonização da instituição da família pelo Estado.
No dia 21 de maio de 2014 foi aprovada a redação final do Projeto de Lei 7.672/10 pela Câmara dos Deputados. O projeto trata da polêmica “Lei da Palmada”, que agora ganha o epíteto de “Lei Menino Bernardo” em referência à criança Bernardo Boldrini (11 anos) supostamente morta pelo pai e a madrasta em Três Passos – RS.
Um lado bom desse projeto é que, ao contrário do que era alardeado pela mídia, não há um tratamento da matéria ali enfocada sob o prisma criminal com a criação de mais tipos penais inúteis, contraproducentes e geradores de confusão no já inchado e tumultuado Direito Penal brasileiro, a exemplo da ultima “barbeiragem” legislativa feita na Lei 12.971/14, alteradora do Código de Trânsito Brasileiro e que é tão inepta que poderia muito bem ganhar o apelido de “Lei Tiririca” (verdadeira palhaçada).
            Percebe-se, portanto, que infelizmente um dos maiores alívios à população em geral e aos operadores e estudiosos do Direito no Brasil ocorre quando o nosso legislativo “não faz” alguma coisa! Porque quando se mete a fazer geralmente só resta erguer as mãos aos céus gritando: “Valha-me Deus”!
Portanto, felizmente o legislador se absteve de enveredar pela seara criminal, mesmo porque a imposição de castigos desmedidos a crianças e adolescentes já tem mais que suficiente tutela penal nos crimes de Tortura – Castigo (artigo 1º., II, da Lei 9.455/97), Maus – Tratos (artigo 136, CP), afora vários dispositivos penais existentes no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei. 8.069/90) com especial destaque para o artigo 232 daquele diploma. Frise-se inclusive que o primeiro crime supra mencionado (Tortura – Castigo) é equiparado a hediondo nos termos do artigo 5º., XLIII, CF e artigo 2º., da Lei 8.072/90. Ademais, há toda uma rede de especial proteção penal quando a vítima é criança ou adolescente. Arrolo apenas alguns exemplos: iniciando pela Lei de Tortura (Lei 9.455/07) há previsão de causa de aumento de pena no artigo 1º., § 4º., II, quando o crime é perpetrado contra criança ou adolescente. No caso da criança Bernardo Boldrini, que acabou dando apelido à lei em comento, o crime de homicídio, que tutela obviamente também crianças e adolescentes, prevê causa de aumento de pena quando a vítima é menor de 14 anos no artigo 121, § 4º., “in fine”, CP. Finalmente, apenas exemplificando, com repercussão para todo o ordenamento penal, há agravantes genéricas no artigo 61, CP, para quando qualquer crime seja cometido contra “criança” (inciso II, alínea “h”); “contra descendente” (inciso II, alínea “e”); “com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação” (inciso II, alínea “f”); “quando o ofendidos estava sob sua imediata proteção ou autoridade” (inciso II, alínea “i”).
O projeto concentra-se então em medidas de caráter administrativo com matiz profilático – preventivo, deixando a questão criminal, se o caso, a ser resolvida de acordo com a legislação já existente sobre o tema.
Não se pode questionar que há uma justa previsão constitucional a ser respeitada no que tange à chamada “proteção integral” das crianças e adolescentes, a qual naturalmente se espraia por todo o ordenamento ordinário nas diversas normas tais como as penais acima mencionadas, o Estatuto da Criança e do Adolescente etc. Também ninguém pode questionar que a aplicação de castigos imoderados, abusos e violência contra crianças e adolescentes sob o pretexto de discipliná-los ou “educá-los” (o conhecido “animus corrrigendi vel disciplinandi”) é uma aberração social, cultural e, consequentemente, jurídica. Somente sádicos ou pessoas que têm a consciência encoberta por um véu de ignorância por demais denso podem defender uma disciplina ou “educação” por meio de espancamentos, queimaduras, chicotadas, socos e pontapés, quando não atrocidades piores.
Dessa forma não é possível criticar qualquer esforço empreendido para impedir atitudes abusivas na lida diária, pedagógica e educativa de crianças e adolescentes. Como já dito, a normativa que ensaia vir à tona tem a vantagem de não estar viciada pelo “pampenalismo”. Não obstante, esses esforços dirigidos para evitar práticas abusivas contra a juventude podem ter um efeito nefasto se assumirem uma espécie de tendência iconoclasta e desconstrucionista com relação a uma instituição que já demonstrou ao longo dos tempos (passou no “teste do tempo”) sua importância crucial no sustento das mais diversas sociedades humanas, qual seja, a família. Família esta, aliás, com também justa e prudente tutela constitucional.
Poder-se-ia objetar que não é propriamente de uma “família” que se estaria tratando quando um pai ou uma mãe ou ambos simplesmente agridem severamente os filhos. Afinal, a família genuína deve ser alicerçada no amor, no diálogo, na convivência pacífica, no bem – estar de seus membros e jamais na violência. Entretanto, o que se está a destacar não é a defesa da violência intrafamiliar, mas sim a necessidade de não extrapolar, de não violar a razoabilidade no trato da matéria da prevenção e repressão a essa violência indesejada, para acabar atingindo preterintencionalmente a instituição da família e suas condições de sustentabilidade.  
Ocorre que mesmo que um regramento jurídico seja em sua letra comedido, mesmo que a intenção de alguém ou de um grupo seja de boa índole, muitas vezes as consequências de nossas ações e ideias acabam escapando pelo vão dos dedos. E isso ocorreu diversas vezes na história e corre um risco ainda maior de acontecer num mundo contemporâneo onde é comum demais que as decisões mais importantes sejam tomadas por pessoas semi - letradas, as quais são capazes de identificar problemas, fazer críticas, mas são incapazes de reconhecer o valor de conquistas antecedentes e de sua tutela. Nas palavras de Scruton, citando T. G. Massaryk:
“O filósofo checo T. G. Mssaryk (1850 – 1937) atribuiu muitas doenças do mundo moderno à ‘meia – educação’. Segundo sugeriu, foi a proeminência na vida pública dos semi - educados que estimulou as esperanças e destruiu as certezas da espécie humana. A fé foi lançada na dúvida, a moral relativizada, e o simples contentamento destruído pela crítica sarcástica daqueles que podem ver suficientemente longe para questionar os fundamentos da ordem social, mas não suficientemente longe para os proteger” (grifo nosso). [1]
Na verdade ocorre muito comumente que grandes questões sejam levianamente enfrentadas porque a massa das pessoas e mesmo aqueles dos quais se esperaria maiores luzes não estão aptos a atingir um nível mais aprofundado de análise nos moldes do que descreve o significado da palavra inglesa “understand” (compreender) e que tem literalmente o sentido de “stand under” (estar embaixo), ou seja, entender de uma forma profunda, por dentro, penetrando no âmago das questões.
Mas, não é somente devido a uma deficiência de formação cultural que esse fenômeno da imprevisão da consequências ocorre. Como afirma Robert Merton, as chamadas “consequências fortuitas” da ação social, enquanto aquelas que fogem ao controle do ator no instante em que ele resolve agir no âmbito político são comuns, mesmo que esse ator seja dotado de grandes luzes. Ocorre que essas “consequências fortuitas” não estão ligadas ao conhecimento que o agente detém, mas justo o inverto, estão conectadas ao conhecimento que o agente não detém pelo simples fato de que esse conhecimento não pode ser alcançado de forma antecipada, o que equivaleria à puerilidade de crer em antevidência. Esse fato da vida pode perverter de forma terrível as mais belas e nobres intenções iniciais. [2]
Não é um nobre intento a proteção da infância e da juventude contra indevidos abusos e violências? Claro que é. Não é uma nobre finalidade preservar a infância e a juventude com vistas a futuros adultos sãos? Claro que é. No entanto, corre-se o risco de, por meio de uma atuação equivocada, de uma aplicação irrazoável da legislação, desdenhar a instituição da família e, em nome do futuro, abalar o presente e olvidar o passado, o que equivale a destruir o futuro.
É muito importante dar ouvidos à lição de Scruton:
“Uma pequena dose de filosofia persuadir-nos-á que as pessoas sempre estiveram enganadas em procurar o teste de legitimidade no futuro, em vez de procurar no passado. Porque o futuro, ao contrário do passado, é desconhecido e não está experimentado. (....). A adulação modernista do futuro deve ser vista como uma expressão de desespero, não de esperança”. [3]
Dessa forma é imprescindível ter a noção básica de que o projeto em questão, acaso aprovado, não pode ter o significado de uma colonização da instituição da família pelo Estado. O intervencionismo estatal deve ser limitado pelo bom senso. E se isso é verdade em áreas como a economia, no que tange ao âmbito familiar, à vida privada, torna-se ainda mais delicado. É preciso ter o equilíbrio necessário para não se deixar enveredar pelo tortuoso caminho que transforma a exceção em regra. A família, instituição tradicional da espécie humana devidamente tutelada pela Constituição Federal, é, como uma regra muito consistente, um espaço de proteção, esteio e orientação das crianças e dos adolescentes, onde encontram todo o apoio para seu desenvolvimento como pessoas. Evidentemente há exceções em que esse ambiente “familiar” se perverte em espaço de opressão, agressão física, verbal, emocional e de toda espécie de corrupção. São famílias desestruturadas, as quais realmente necessitam de uma intervenção, frise-se, excepcional, do Estado. Não é possível que se possa dar crédito a concepções do chamado “libertarianismo” radical que prega um individualismo exacerbado em que qualquer intervenção estatal é considerada ilegítima. Também, por outro lado, não se pode comungar com um “estatismo” exagerado, no bojo do qual o Estado se transforma numa espécie de tutor dos indivíduos, invadindo esferas íntimas sem qualquer pudor ou limite. Na mesma medida em que o extremo de um individualismo descontrolado é indesejável, também é de se repudiar o que se tem chamado de “Nanny State”, ou seja, o “Estado – Babá” que se põe a regular milimetricamente questões estritamente pessoais da vida dos governados, numa arrogante e prepotente suposição de que as pessoas não podem saber o que é bom ou mau para elas mesmas e seus entres queridos. O caminho a indicar a virtude da mediania é a noção fundamental de um “liberalismo democrático” que valoriza a liberdade individual, impondo tão somente os limites necessários (proporcionais e razoáveis) a esta, exatamente a fim de que ela mesma possa ser garantida.
As crianças e adolescentes são obviamente sujeitos de direitos como qualquer ser humano e ainda com alguns privilégios, tendo em vista sua especial condição de “pessoa em desenvolvimento”, bem como as fragilidades inerentes à faixa etária em que se encontram. Seria um insulto à sanidade e a uma concepção minimamente racional do Princípio da Igualdade, tratar de forma idêntica a um adulto uma criança de um ano!
Não se discute que essas pessoas merecem uma especial proteção estatal, mas antes da proteção estatal vem a necessária proteção familiar. Nesse campo o Estado só pode ter uma atuação supletiva em casos extremos como a ausência absoluta da família (órfãos) ou em casos de famílias desestruturadas que realmente são um mal para o jovem ou a criança.
É exatamente pela condição de hipossuficiência das crianças e adolescentes que estes não podem ser convertidos em censores dos adultos, em soberanos absolutos do lar, em seres intocáveis em seus instintos e desejos, sob pena de destruir todo o edifício da instituição familiar que é muito mais importante que o Estado para o desenvolvimento da pessoa humana. O grande perigo de uma “Lei da Palmada”, ainda que não enveredando pela seara penal, é converter-se em um instrumento de colocação dos pais sob o jugo dos filhos! Dessa forma, daqui a alguns anos teremos de fazer uma “Lei da Palmada” para proteger os adultos, criar “Conselhos Tutelares para os Pais” e quem sabe um “Estatuto do Pai e da Mãe” a fim de lhes garantir contra os abusos dos filhos menores! Estes mesmos que mimados por um “Estado – Babá” (“Nanny State”) terão se transformado em verdadeiros “filhos da mãe”.
Não se pode permitir que a ilusão do “bom selvagem” disseminada por filósofos como Jean – Jacques Rousseau e por uma antropologia idealista despregada da realidade e já desmentida pelos fatos, [4] seja o ponto fulcral de interpretação e aplicação de uma legislação tão relevante. Usando a expressão de Peter Sloterdijk, Bruckner chama a atenção para o fato de que na sociedade contemporânea estamos transformando a criança no nosso “bom selvagem a domicílio”. [5] É imprescindível transcrever a manifestação do autor:
“Ora, o primeiro direito que uma criança deveria ter é o de ser protegida contra a violência, a arbitrariedade e às vezes a crueldade dos mais velhos. Mas é também o direito contraditório de ser respeitada em sua natureza e sua despreocupação e de ser dotada de meios para sair progressivamente de sua condição à medida que cresce. Se quisermos ‘amadurecê-lo para a liberdade’, como dizia Kant a respeito do povo, é preciso esclarecê-lo e instruí-lo e não abandoná-lo a uma esplêndida indolência. Portanto, é perigoso destruir os abrigos (escola, família, instituições) por meio dos quais ele domina lentamente o caos da vida e indispensável condicioná-lo à responsabilidade, oferecendo-lhe tarefas ao seu alcance, dando-lhe o domínio gradual de esferas cada vez mais amplas. (....). Portanto nem toda sujeição é opressiva, se ela aguça o espírito e obriga a crescer dentro de certas regras, ou, para ser mais preciso, a sujeição é a própria condição da liberdade”. [6]
Por isso com acerto aduz Scruton que “as instituições, as leis, as restrições e a disciplina moral fazem parte da liberdade e não dos seus inimigos, e a libertação dessas coisas leva rapidamente ao fim da liberdade”. [7]
O perigo da criação de crianças mimadas que se converterão em adultos infantilizados é real e palpável. E o caminho pedagógico para isso tem sido, por incrível que pareça, traçado por alguns como se fosse a grande chave para uma humanidade melhor, sempre na crença de que o ser humano é uma “tabula rasa” sem “estrutura inerente” na qual “podemos escrever à vontade”. [8] Dessa forma, uma grande série de conceitos naturais à humanidade como, por exemplo, relações de parentesco, doença, sexo, entre outros passou a ser considerada como algo artificial, inventado ou socialmente construído. [9] É no bojo dessa espécie de pensamento ilusório e deletério que se pode sustentar um intervencionismo estatal exacerbado na instituição da família, destruindo-a, juntamente com seus benefícios sociais, ao tentar remodelá-la ao bel prazer de um indivíduo ou um grupo ideologizado.
Um exemplo grotesco dessa pseudointelectualidade é exposto por Pinker na descrição da prática educativa progressiva:
“A prática educacional progressiva, por sua vez,  é baseada no bom selvagem. Como escreveu A. S. Neill em seu influente livro Summerhill: ‘Uma criança é inatamente sábia e realista. Se deixada por conta própria sem nenhum tipo de sugestão de adultos ela se desenvolverá até o máximo que for capaz de desenvolver-se”.  Neill e outros teóricos progressistas das décadas de 1960 e 1970 argumentaram que as escolas deveriam abolir os exames, séries, currículo e até livros. Embora poucas escolas tenham ido tão longe, o movimento deixou sua marca na prática educacional. No método de ensino da leitura denominado Linguagem Integral, não se ensina às crianças que letra corresponde a que som; em vez disso, elas ficam imersas em um meio abundante em livros no qual se espera que as habilidades de leitura floresçam espontaneamente. Na filosofia de ensino da matemática conhecida como construtivismo, as crianças não se exercitam com tabuadas, mas são instadas a redescobrir por si mesmas as verdades matemáticas resolvendo problemas em grupo. Ambos os métodos apresentam maus resultados quando o aprendizado dos alunos é avaliado objetivamente, mas os seus defensores tendem a desdenhar dos testes padronizados”. [10]
Para um brasileiro que conhece muito bem os efeitos destrutivos dessas ideologias no ensino sua estupidez é evidente e também soa natural a única argumentação possível para seus defensores que é a pueril crítica aos métodos de avaliação. Ora, aprendizado é aprendizado e quem sabe um conteúdo, o desenvolve em uma avaliação. Acontece que, por mais que esses ideologizados queiram o aprendizado não ocorre por osmose (uma criança não aprende a ler sendo jogada no meio de um amontoado de livros e letras), nem por geração espontânea (as noções e raciocínios matemáticos não vão brotar do nada ou de uma sopa química no cérebro dos aprendizes). Toda criança ou jovem necessita sim do apoio e da orientação dos mais velhos, que, com sua experiência podem e devem lhes transmitir saberes que, de outro modo jamais adquiririam sozinhos. Isso é ancestral, já que mesmo nas culturas mais antigas sempre existiu, antes inclusive da escrita, a transmissão oral dos conhecimentos, das histórias pela narrativa dos mais velhos. Contudo, a força estupidificante de tratados como o “Emílio” de Rousseau [11] e, mais proximamente, “O mestre ignorante” de Jacques Ranciére, [12] com seu conceito enviesado de “emancipação intelectual”, é incomensurável.
Com essas abordagens se pretende demonstrar como qualquer espécie de pensamento ou ideologia que pretenda conceder a “pessoas em desenvolvimento” (crianças e adolescentes) uma emancipação antecipada ou uma autonomia praticamente absoluta, senão um verdadeiro poder de controle sobre os adultos, somente pode trazer consequências funestas para a família, para a escola e, finalmente, para a sociedade em geral. E a razão disso é mais do que notória: a autonomia é incompatível com a noção de “pessoa em desenvolvimento”, o que torna esse “pensamento” (se é que assim pode ser chamado) ou ideologia, algo teratológico e autofágico. É nesse ponto que o intervencionismo estatal deve ter seu limite bem delineado e atuar com grande cautela para que não ocorra uma inversão de papéis.  
Uma boa dose de conservadorismo é salutar para a orientação da interpretação e aplicação da legislação estudada. E não se confunda o termo “conservadorismo” com a sua equivocada e preconceituosa utilização corrente. O conservadorismo é, a bem de ver, um meio termo virtuoso entre a postura “reacionária’ e a postura “revolucionária utopista”. Segundo Quinton, o reacionário nada mais é do que “um revolucionário virado no avesso”. Enquanto o “revolucionário” sonha com a utopia de um futuro de ouro a que se pode chegar bruscamente, por seu turno, o “reacionário” pretende uma ruptura com o presente em prol de uma “felicidade utópica passada”, de uma “idade de ouro” perdida na noite dos tempos. Em resumo, reacionários e revolucionários são praticamente orientados pela mesma motivação destrutiva para reconstrução, apenas apresentam vetores opostos na linha do tempo. [13]
O conservadorismo não prega uma estagnação nem um continuísmo, mas indica que toda mudança e todo agir individual e principalmente político deve ser cauteloso. O conservador não crê em milagres, em salvadores da pátria individuais ou coletivos, mas também não acredita que vive no melhor dos mundos possíveis como um Cândido de Voltaire.[14]  Conforme aduz Coutinho:
“As tradições mais profundas foram emergindo naturalmente, o que significa que elas foram sobrevivendo naturalmente porque sucessivas gerações encontraram nelas vantagens que aconselharam sua manutenção. (...). E o fato de continuamente as termos considerado vantajosas e valiosas permitiu que as legássemos de geração em geração como se fossem uma herança coletiva. Ao serem úteis e benignas para nós, é razoável pensar que elas também o serão para aqueles que virão depois de nós”. [15]
Então há algo que deve ficar muitíssimo claro para todos aqueles que poderão vir a ter a incumbência de interpretar e aplicar a possível “Lei da Palmada”: “O estadista nunca atua sobre uma tela em branco, nem a sociedade se apresenta como tal, despojada de valores ou tradições que são anteriores a nós e que vão sobreviver a nós”. [16] E a família é um desses valores e tradições, inclusive protegido pela Constituição Federal, mas, mais que isso, pelo valioso e incontestável “teste do tempo” e dos frutos. Não é à toa que está ela listada por Donald E. Brown dentre os “Universais Humanos”, como um dos comportamentos constatados cientificamente por etnógrafos e antropólogos como observável nas mais diversas culturas e grupos humanos. [17]
Fato é que ao menos na Exposição de Motivos original do projeto se vislumbra uma preocupação do legislador com esse necessário equilíbrio e respeito à instituição da família. No item 6 consta o seguinte:
“Contudo, a condição peculiar de crianças e adolescentes e a especificidade das relações intrafamiliares demandam que a decisão de submeter sanções aos pais, ou de interferir formalmente na família de outras maneiras, seja tomada com muito cuidado”.
E no item 13:
“A proposição caracteriza os castigos corporais, bem como os tratamentos cruéis e degradantes que passam a figurar no rol de violações passíveis de enquadramento segundo as determinações do Estatuto da Criança e do Adolescente. Há que se ressaltar que a instauração de processos contra pais é na maior parte dos casos contrária ao interesse da criança e do adolescente e, portanto,  o processo e outras intervenções formais (por exemplo, remover o agente violador) só serão  considerados quando necessários para plena proteção da criança e do adolescente de situações  extremas ou quando correspondam ao superior interesse dos mesmos”.
Enfim, a legislação projetada não se apresenta como um monstro de opressão à família, inclusive se analisando sua Exposição de Motivos. Não lança mão do Direito Penal como instrumento primeiro, como ocorre em muitos casos e isso é uma grande virtude. Deixa o Direito Penal em seu lugar de “ultima ratio”. Apenas explicita algo que já era sabido e consabido, ou seja, que nossa ordem Constitucional e nossa legislação ordinária repudiam os castigos físicos imoderados, o tratamento cruel e degradante de qualquer ser humano, mas, em especial, das crianças e adolescentes. Nesse passo, propõe medidas profiláticas e preventivas mediante normas administrativas e civis, bem como um conjunto de esforços para o enfrentamento do problema da violência intrafamiliar.
A grande questão e a maior preocupação fica, portanto, apenas com a forma como essa legislação será aplicada e interpretada, não somente pelo Judiciário, Ministério Público, Conselhos Tutelares e outros órgãos repressivos, mas por todo o aparato estatal que atuará em sua divulgação perante as famílias e, principalmente, perante os jovens. Isso porque se uma mensagem equivocada de inversão ou desconstrução da instituição familiar for disseminada, então essa lei, não por seu conteúdo literal, mas até ao reverso dele e em contraste com sua Exposição de Motivos, virá a ser uma catástrofe para o presente e o futuro brasileiros. E esse perigo é iminente devido não somente às ideologias que inspiram os agentes políticos dominantes no Brasil, mas no mundo mesmo, sendo constatável uma tendência à demonização dos pais, da família, das instituições tradicionais, esboçando-as como instrumentos de opressão, quando deveriam ser reconhecidas por seu valor comprovado. Esse é o perigo por que todos passamos, crianças, adolescentes e adultos. Terá o Brasil maturidade suficiente para aplicar corretamente essa legislação ou agirá como uma criança birrenta e cheia de vontades que acaba quebrando os próprios brinquedos?

REFERÊNCIAS                          



Leia mais: http://jus.com.br/artigos/28877/lei-da-palmada-projeto-de-lei-n-7-672-10#ixzz35ruqvTg2

segunda-feira, 23 de junho de 2014

MAIS UM DIA DE PÃO E CIRCO

                                        Mais um dia de pão e circo. Brasil ganhou de goleada. Para os hipócritas, reencontrou seu futebol diante do aguerrido Camarões. Para os demais brasileiros agora sim é o favorito. Enquanto isso as eleições estão chegando. A Dilma será chamada de "HEXACAMPEÃ MUNDIAL", agora canditada oficial ao segundo mandato, com as bênçãos do  padrinho Lula. As manifestações perderam a força. O povo está tranquilo e esperando o dia para a comemoração do título.
Vamos ver no que  vai dar tudo isso.

Secretaria de Segurança lança plano que visa conter violência em Goiânia

O G1 GO. PUBLICOU MATÉRIAS SOBRE AÇÕES EM GOIANIA PARA CONTER O AVANÇO DA CRIMINALIDADE. PARABÉNS...

Principal ação é o aumento de policiais em bairros com maior índice de crimes.
Segundo secretário, 15 setores concentram 30% dos homicídios neste ano.

Do G1 GO
A Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás (SSP-GO) lançou nesta quarta-feira (18) um plano de ações em conjunto com outros órgãos para tentar conter o avanço da violência emGoiânia. No período de apenas cinco dias - entre 12 e 17 de maio - a Polícia Civil registrou 31 assassinatos. A principal medida segundo o secretário Joaquim Mesquita é o aumento do policiamento em 15 bairros da capital, onde ocorreram 30% do homicídios de janeiro até agora.
Os setores em que a atuação das forças de segurança será aumentada são: Jardim Novo Mundo, Setor Pedro Ludovico, Jardim Guanabara, Centro, Real Conquista, Norte Ferroviário, Conjunto Primavera, Parque Amazônia, Vila Finsocial, Conjunto Vera Cruz, Bairro São Francisco, Eldorado Oeste, Estrela Dalva, Recanto das Minas Gerais e Jardim Curitiba. Nestes locais, se concentram o que a secretaria chama de "manchas criminais".
"O que a população pode espera da secretaria é mais policiamento. Nunca tivemos tantos policiais nas ruas quanto nos últimos dias. São policiais do Simve [Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual], que vai formar 500 policiais em agosto e mais 1,1 mil alunos-soldados do curso da PM e outros. Eles serão lotados e orientados a fazer o policiamento ostensivo nas áreas mais críticas", afirma Mesquita, sem informar, no entanto, quantos militares reforçarão a atuação nos bairros.
O plano prevê parcerias de trabalho com outras secretárias e com a prefeitura municipal com o objetivo de conter os índices de criminalidade. Entre as ações, estão a roçagem de lotes baldios, que servem de esconderijo de ladrões e assaltantes e a melhora constante nos serviços de iluminação pública. Além disso, também está previsto a ampliação de programas sociais como o Jovem Aprendiz,  realização de palestras contra a violência e aumento de atividades culturais e esportivas nos bairros, para evitar que os jovens sigam o caminho do crime.
Sistema prisional
Além da SSP-GO, Mesquita também foi nomeado para comandar, de forma interina, a Secretaria de Estado da Administração Penitenciária e Justiça (Sapejus). Ele entra no lugar de Edemundo Dias de Oliveira Filho, que pediu exoneração do cargo após uma reportagem do Fantástico mostrar que presos do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital.
O secretário disse que "de maneira alguma" as regalias irão continuar. Ele afirmou que vai ter uma reunião com os servidores do órgão e também com o procurador de Justiça para definir o que será feito. Sobre ações emergenciais, ele respondeu: "Aguardemos".
Adolescente de 17 anos grávida é morta em banco de praça em Goiânia, Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)Adolescente de 17 anos grávida foi morta em
banco de praça (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Copa do Mundo
O número de mortes neste mês se intensificou desde o início da Copa do Mundo, no último dia 12. Na ocasião, em menos de 24 horas, foram 16 mortes. “É comum que em datas festivas como Natal, Carnaval, Réveillon e mesmo em dias de jogos como foi hoje [12], uma Copa do Mundo, a gente espera que aumente esse número como de fato aconteceu”, afirmou a delegada Silvana Nunes, da DIH, após os crimes.
Depois disso, o número de homicídios continuou alto, sendo que entre a noite de domingo (15) e a madrugada de segunda-feira (16) ocorreram dez execuções. Uma das vítimas foi uma adolescente de 13 anos, morta com um tiro nas costas no Bairro Goyá. No mesmo dia, uma garota de 17 anos, grávida de cinco meses, foi baleada no peito no Setor Central. Logo após o enterro da jovem, na segunda-feira (16), o marido dela foi preso por suspeita de envolvimento com tráfico de drogas.
Também foram registradas mortes de dois policiais militares. Em um dos casos, no Setor Goiânia Viva, um cabo da PM, de 40 anos, foi morto a tiros, na noite de quinta-feira (12). Já na sexta-feira (13), outro policial foi assassinado na porta de uma distribuidora de bebidas, no Setor Floresta, na frente dos dois filhos. Este último caso foi registrado por câmeras de segurança do estabelecimento.
Para Gorski, a prevenção do crime de homicídio é uma das mais difíceis. “Se a pessoa sai de casa armada, com a intenção de matar, se ela não é abordada em um primeiro momento, vai cometer o crime. Infelizmente, a polícia não consegue abordar todos nas ruas. Acredito que a gente tenha um problema muito grande com drogas e esse enfrentamento é complicado”, disse.
Já para professora Rosa Maria Viana, especialista em Ciências Humanas, o problema do tráfico de drogas vai além do combate policial. “Temos que sair dessa esfera. Droga é uma questão social que tem que ser resolvida. Nunca se teve uma indústria tão bem remunerada e com tanto lucro como a da droga. Esse é um sistema que está dando pouca atenção a educação e a formação humana das pessoas”, destacou.

Paraibano cria aplicativo para smartphone que presta ajuda a universitários; Veja

http://www.folhadosertao.com.br/portal/noticia.php?page=noticiaCompleta&id_noticia=27362

 Parabéns...Temos nossos talentos fora do Eixo Rio São Paulo.
Paraibano cria aplicativo para smartphone que presta ajuda a universitários; Veja
Um aplicativo para smartphone que permite ao estudante de qualquer universidade do país gerenciar seu desempenho acadêmico foi criado e disponibilizado gratuitamente pelo funcionário público paraibano Luciano Medeiros, que desenvolveu a ferramenta para a plataforma Android, por hobby.

Durante as horas vagas, Medeiros se dedicava ao ‘eNotas’, que permite registrar as notas, médias referentes às disciplinas cursadas, quantidade de créditos pagos e cálculo do Coeficiente de Rendimento Escolar (CRE). 

Luciano Medeiros, que é formado em computação pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), contou que percebeu entre os seus amigos da universidade a necessidade de uma ferramenta com as características do aplicativo criado por ele, mas que após pesquisar e não encontrar nada parecido, resolveu criar o produto, inicialmente como um caso de teste e para colocar em prática os conhecimentos.

“Esse aplicativo é um hobby para mim, foi mais uma prova de conceito para eu aprender o que eu estava estudando. O tempinho que eu tinha livre eu ia desenvolvendo. A visão do aplicativo eu sempre discutia com os meus colegas da universidade, para saber como eles pensariam na interface, na funcionalidade. Fiz uma pesquisa de campo, dentro da minha rede de contatos, aí fui desenvolvendo, até que no dia 21 de abril deste ano eu liberei o aplicativo na Play Store”, disse Medeiros.

Fanático por tecnologia, segundo ele mesmo, Luciano disse que em sua pesquisa encontrou alguns aplicativos que funcionavam apenas como bloco de notas, mas nenhum que ajudasse no cálculo de médias, CRE ou para registro do desempenho escolar voltado para o ambiente universitário, com as necessidades percebidas por ele.

“Como eu tenho muitos conhecidos na UFPB, um deles estava me contando sobre a situação de amigos que  tinham ido para a final em uma disciplina e que não sabiam  como calcular quanto precisariam tirar para passar, aí eu fiquei pensando que, para mim enquanto aluno de exatas, isso era muito trivial, mas realmente tem muita gente que não sabe fazer esse cálculo, principalmente os alunos novatos", justificou Luciano Medeiros.

Ao instalar o eNotas no celular, o usuário vai encontrar uma interface intuitiva, onde pode inserir as disciplinas que está cursando de três maneiras: manualmente, digitando o nome da disciplina, o semestre e a quantidade de créditos, por QR code, ou ainda, se o usuário for aluno da UFPB, vai precisar apenas digitar o número da matrícula, a senha no sistema da universidade e importar os dados do seu histórico para o aplicativo, monitorando seu desempenho sempre que o banco de dados for atualizado pelos professores.

“Na primeira versão só existia a opção de entrada manual dos dados. Ainda na parte de menu do sistema, você pode definir, por exemplo, qual é a média da sua universidade para você não ir para a final, porque na UFPB são valores, mas em outras universidades já é diferente, então eu fiz ele bem aberto para permitir que qualquer aluno, de qualquer instituição de ensino superior do país possa utilizar, basta configurar essas médias e inserir as disciplinas manualmente. A funcionalidade de importação de dados, por enquanto, é só para alunos da UFPB”, explicou.

A cada prova realizada no semestre, o aluno pode inserir as notas que tira nas avaliações e o aplicativo vai calculando seu desempenho, mostrando as notas individuais de cada prova e a média parcial já alcançada na disciplina. No caso de uma eventual ida para recuperação final, o sistema mostra quanto o aluno deve tirar para ser aprovado.

Se o aluno tiver usado o recurso da importação dos dados, ele também tem a opção de esperar pela atualização do sistema da universidade no final do semestre, mas nesse caso, ele só poderá ver o registro de sua média final na disciplina ou se foi aprovado ou reprovado e não cada nota individual.

Outro propriedade do eNotas é a função estatísticas, onde todas as informações inseridas no aplicativo são apresentadas em gráficos, dando ao usuário uma visão bastante detalhada de todo o seu desempenho acadêmico.

Desde abril, quando foi lançado, o eNotas  teve 829 downloads, desse total, 480 permanecem com o aplicativo instalado e em uso no smartphone.
A liberação do aplicativo na Play Store também possibilita que o desenvolvedor receba um ‘feedback’ dos usuários, que avaliam o produto e sugerem modificações. Foi essa troca de ideias que levou Medeiros a adicionar a opção de importação de dados ao aplicativo e recentemente começar a desenvolver uma nova funcionalidade, que é o agendamento de provas e atividades para cada disciplina.

“Eu já dei uma adiantada na funcionalidade de agendar eventos para as disciplinas, assim que terminar acho que os downloads irão aumentar também, pois é uma funcionalidade muito pedida pelos usuários. Acredito que daqui para o final do mês eu deva estar lançando uma atualização”, informou.
O aplicativo do paraibano está disponível na Play Store apenas para a plataforma Android e Luciano diz que, no momento, não pensa em cobrar nada pelo produto.

“Inicialmente até pensei em colocar propagandas no aplicativo, ou fazer duas versões uma gratuita e outra paga. Mas com o decorrer do desenvolvimento, até para diminuir o trabalho, decidi fazer tudo gratuito mesmo. Não tenho tanta certeza do futuro. Já pensei várias vezes em colocar pelo menos propaganda, que eu ganharia por clique. Mas por enquanto deixarei assim mesmo. Não é certeza deixar para sempre gratuito, mas tudo indica que sim”, finalizou.

domingo, 22 de junho de 2014

Jornalistas lançam a "Ponte", novo portal sobre segurança pública e direitos humanos


Lucas Carvalho* 20/06/2014 15:45
A partir da próxima segunda-feira (23/6), começa a funcionar a “Ponte”, projeto de um grupo de 20 jornalistas que, juntos, decidiram que é hora de criar um novo veículo de comunicação focado em segurança pública e direitos humanos. A nova empreitada conta com o apoio da agência de jornalismo investigativo Pública e profissionais de renome no mercado.

Crédito:Reprodução/ Facebook
Coletivo conta com a participação de jornalistas especializados em segurança pública e direitos humanos
Entre os envolvidos, estão nomes como o de André Caramante, Bruno Paes Manso, Natalia Viana, Laura Capriglione e Milton Bellintani, entre outros. Os profissionais, experientes no assunto segurança pública e direitos humanos, se reuniram no início do ano para discutir o atual cenário da cobertura jornalística sobre o tema. A conclusão foi que a imprensa precisa adotar uma nova abordagem, respeitando questões éticas e princípios jornalísticos.

“Todo mundo na 'Ponte' pensa que esse é um tema crucial para a nossa democracia. Então foi uma junção de quereres. Todo mundo estava mais ou menos querendo a mesma coisa. […] Essa é a melhor aposta no jornalismo esse ano no Brasil. Precisa se falar de segurança pública com o viés dos direitos humanos”, afirma Natalia Viana, uma das fundadoras e diretora de estratégia da agência Pública, incubadora do projeto.

Segundo Laura Capriglione, que atuou por quase dez anos na Folha de S. Paulo em pautas sobre segurança pública, a Ponte questiona os parâmetros da cobertura tradicional da grande imprensa. “Os programas vespertinos da televisão, que são tremendamente sensacionalistas, feitos praticamente aos gritos, com apresentadores histéricos e tal, são programas que têm audiência altíssima. Isso mostra que existe um interesse da população nesse assunto”, defende a jornalista.

"Mas essa forma quase histérica de lidar com o assunto, no nosso ponto de vista, é uma forma que contribui muito pouco para o desenvolvimento das instituições. Então, a gente acha que é preciso ter uma cobertura sistemática, séria e que, acima de tudo, privilegie os direitos dos acusados, o respeito à lei, etc., que é o que não se vê nesses programas. Onde chega a haver, inclusive, apresentadores pedindo a execução sumária de acusados de crimes, e por aí vai”, continua Laura.

A página terá atualizações diárias, com reportagens predominantemente em texto, mas também com muito conteúdo multimídia. A redação da Ponte opera dentro da sede da Pública em São Paulo (SP). A agência também faz parte do conselho editorial do projeto, auxiliando na discussão de pautas, e também ajudando a equipe a se estruturar como instituição. A expectativa é que a "Ponte" se torne totalmente independente até 2015. 

Segundo Natalia, a Pública está constantemente estudando novas oportunidades de encubar projetos independentes de jornalistas. Como uma iniciativa sem fins lucrativos, o investimento inicial parte integralmente da agência. "Ainda está muito no começo, estamos mais focados no lançamento do site nesse momento. Mas estamos sim estudando novas parcerias, não descartamos nenhuma estratégia de financiamento, nem mesmo publicidade. Mas não temos ainda nada definido", diz a jornalista.

A importância do tema

Segundo o jornalista Bruno Paes Manso, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP) e um dos fundadores da “Ponte”, o projeto não pretende “corrigir” a cobertura da imprensa tradicional, mas sim propor uma nova abordagem.

“A mídia fala de uma série de assuntos, como política, economia, tem cobertura do congresso, do senado, Copa do Mundo, transporte, etc.… A questão da segurança pública acaba ficando para um outro plano. Sendo que, na nossa avaliação, esse é um assunto muito importante e que é mal coberto”, diz Manso.

“Então é mais uma questão de foco do que de cobertura certa ou errada. O certo e o errado é discutido permanentemente. A gente se propõe a lidar com essa questão como prioritária para a democracia, e por isso a gente acha fundamental falar a respeito desse assunto".

Laura afirma que o papel da imprensa com uma boa cobertura jornalística é determinante para o funcionamento correto da democracia no Brasil. “A gente acha que, se essa questão da segurança pública, da justiça, dos direitos humanos, não é tratada com a seriedade e com a urgência que ela precisa, a democracia corre um sério risco no Brasil. E, ao contrário, a gente pode envergar mesmo para uma sociedade de linchadores, de pessoas que acham tudo bem fazer justiça com as próprias mãos, e não dar o direto de defesa para as pessoas, etc.…”

“Conquistas absolutamente essenciais para a democracia começam a ser colocadas em risco. Então o nosso objetivo é, mesmo, defender princípios sempre de maneira pluralista, apartidária e independente, que é o que configura o melhor jornalismo”, finaliza a jornalista.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Como os super-heróis nasceram


Salvador Nogueira trouxe na revista Superinteressante sobre os super-heróis que nós cultuamos até os dias de Hoje.
por Salvador Nogueira
Tudo começou com dois jovens tímidos de Cleveland, nos Estados Unidos. De origem judaica, Jerry Siegel desde moleque era fã de ficção científica. Sua maior aspiração era se tornar escritor. No ensino médio, ele conheceu Joe Shuster, nascido no Canadá, mas criado em solo americano. Além da habilidade para desenhar, Joe tinha um interesse pelo fisiculturismo. A união das paixões de ambos, na hora certa, produziu uma revolução cultural que ecoa até hoje. Em algum ponto de 1935, a dupla foi responsável pela criação do Superman. 

E assim nasceu a indústria (ou seria a mitologia?) dos super-heróis. Ou, pelo menos, essa é a versão que os fãs de quadrinhos costumam propagandear. Há, contudo, um lado bem menos romântico acerca dos eventos que deram ao mundo a versão moderna dos deuses e semideuses gregos. E ela envolve gângsteres, trapaceiros do pior tipo e até mesmo pornografia. 

É uma grande ironia que os maiores defensores do bem tenham nascido de um meio em que a ética era tão dúbia, mas foi assim que aconteceu, naqueles estranhos anos do começo do século 20 nos Estados Unidos. 

Dois eventos históricos singulares foram fundamen­tais para criar o pano de fundo que daria origem à indústria dos quadrinhos. O primeiro deles tem origem em 1920, quando o governo americano instituiu a Lei Seca - proibindo a fabricação, o transporte e a comercialização de qualquer bebida alcoólica nos Estados Unidos.


A ORIGEM DA MARACUTAIA 
O romeno Harry Donenfeld emigrou para os Estados Unidos com os pais em 1898, quando tinha apenas 5 anos. Embora tivesse raízes semelhantes às de Jerry e Joe, sua criação foi completamente diferente. Sai de cena a pacata Cleveland e, em lugar dela, entra a efervescente Nova York. 

Criado nas ruas, Donenfeld aprendeu o que era preciso para sobreviver. Tornou-se amigo de gângsteres como Frank Costello, ligado ao tráfico de bebida, e virou sócio de seus irmãos na gráfica da família, a Martin Press, no início da década de 1920. De repente, graças a seus contatos... hum, digamos... pouco convencionais, a empresa decola e fecha grandes contratos para imprimir capas de revistas como a Cosmopolitan. Suspeita-se que Harry passou a usar a companhia para transportar bebida do Canadá junto com papel para a gráfica. Nunca ficou provado, mas a grana de repente começou a sobrar. Em 1923, ele tirou os irmãos do negócio e mudou o nome da empresa para Donny Press. 

Dali em diante, a coisa prosperou. Harry expandiu, criou sua própria empresa de distribuição de publicações e passou a imprimir suas próprias revistas - a maior parte delas com fotos de mulher pelada e histórias sensuais, impressas em papel vagabundo. 

Era um esforço para "legalizar" os negócios e sobreviver depois que a Lei Seca terminasse. Aconteceu só em 1933, quando o mundo enfrentava o segundo fator determinante para o surgimento dos heróis - a Grande Depressão. 

Os Estados Unidos mergulharam na recessão, tornando tudo mais difícil para quem não tivesse uma boa rede de contatos. Um dos que sofreram com a crise foi o major Malcolm Wheeler-Nicholson. Em 1935, ele praticamente inventou o conceito do gibi. 

Histórias em quadrinhos já existiam antes disso, claro, mas eram apenas publicadas em tirinhas, nos jornais. Apesar de seu sucesso, ainda havia muitas dúvidas, sobretudo naqueles tempos bicudos, de que alguém comprasse uma publicação que consistisse somente em quadrinhos. 

Elas começaram a se dissipar, contudo, quando alguns espertinhos passaram a negociar os direitos para reunir tirinhas já publicadas em jornais no formato de revistas, por volta de 1933. Quando o major Wheeler-Nicholson chegou ao mercado, já não tinha mais tirinhas publicadas para negociar. Ele deu o próximo - e fundamental - passo: decidiu encomendar material inédito para lançar sua própria revista. 

Um dos fornecedores do major era a dupla Siegel e Shuster, que se lançou com o personagem... Henri Duval, o mosqueteiro. Isso em 1935, na mesma época em que eles começaram a pensar no Superman. 

A empresa de Donenfeld ajudava Wheeler-Nicholson a distribuir suas revistas, mas, quando o major se atolou de vez em dívidas, teve de vender a National Allied Publications para seu distribuidor, justamente para pagar a publicação de sua mais nova revista, Detective Comics, que circulou em março de 1937. 

Àquela altura, Donenfeld estava tomando uma surra dos críticos por suas indecentes revistinhas de mulher pelada e buscava uma saída para manter o lucro com suas publicações. Era a segunda vez que ele precisava trocar de pele para se manter na praça - primeiro de auxiliar de gânster para pornógrafo e, agora, para editor de quadrinhos. Não que aqueles quadrinhos pudessem aumentar sua reputação. A moda eram as histórias de terror e crime, violentas como os tempos pediam, sexy como os leitores queriam.

CHEGA O HOMEM DO AMANHà
Em 1938, Wheeler-Nicholson já estava completamente fora do negócio, que era conduzido por Donenfeld e seu fiel contador, Jack Liebowitz. Quando a National Allied Publications foi lançar uma nova revista de quadrinhos, mais focada em ação, pediu a Jerry e Joe que propusessem uma história. A imagem icônica do gibi, que chegou ao mercado ao preço de 10 centavos de dólar, era algo nunca visto antes, mas extremamente familiar hoje: um homem muito forte ergue um carro com as próprias mãos, vestido com uma roupa colante azul, um S no peito e uma capa vermelha. Os traços eram de Joe Shuster. É o marco inicial da chamada Era de Ouro dos Quadrinhos. 

Harry, contudo, não estava feliz. Ele viu a capa, achou o personagem ridículo e ordenou que o Superman não voltasse a figurar na publicação. Sua reação não foi muito diferente da que tiveram vários outros editores, quando receberam amostras do personagem. O material que figurou na Action Comics 1, inclusive, nada mais era que uma colagem de diversas tirinhas antigas, recortadas e coladas na maior cara de pau. 

Apesar do trabalho meio desleixado, e da rejeição interna na editora, a revista foi um estouro de vendas. Pela primeira vez, o mundo foi tomado de assalto por um super-herói - e nunca a humanidade havia precisado tanto deles. A ameaça de guerra na Europa e a crise econômica nos Estados Unidos deixavam todo mundo à espera de um salvador. De certa forma, a mensagem messiânica por trás de um personagem aparentemente bobo como Superman era o que todos - sobretudo os jovens - queriam ter por perto. 

Logo que vieram os superlativos números das bancas, surgiu o plano de fazer uma revista mensal inteira só com o Superman. Donenfeld, antes crítico, virou principal propagandeador do homem de azul, e Siegel e Shuster assinaram um contrato-padrão, que lhes dava 140 dólares em troca de todos os direitos sobre o personagem. Além disso, teriam por dez anos a exclusividade na produção das histórias do Superman - o que pareceu ótimo naquele momento.

A FEBRE DO SUPER 
Não demorou para que Superman virasse também tirinha de jornal - produzida por Siegel e Shuster, lá é que surgiu toda a história pregressa do herói: Kal-El, enviado do planeta moribundo Krypton para viver entre os humanos, criado por um casal de fazendeiros do Kansas, que preserva sua identidade secreta como o repórter Clark Kent, mas na verdade usa seus poderes para "defender a verdade, a justiça e o modo de vida americano". 

Enquanto os gibis vendiam em quantidade astronômica (tiragens superiores a 1 milhão de cópias), outros editores se preparavam para capitalizar em cima da novidade. Um deles foi Charlie Gaines, que ajudou a produzir o gibi exclusivo do Superman. Ele pediu ao próprio Donenfeld uma grana emprestada para abrir sua própria editora de quadrinhos. Harry aceitou com a condição de que Jack Liebowitz fosse sócio no negócio - mantendo tudo "na família", por assim dizer. Surgia a All-American Comics. 

Outro potencial concorrente era Martin Goodman, que em 1939 fundaria a Timely Comics. A reputação do editor era a pior possível. Durante anos, ele usou o esquema de falir sua própria empresa e vendê-la a outra, também dele, para não precisar pagar colaboradores. Contudo, com a febre dos quadrinhos e uma revista chamada Marvel Comics, dessa vez a companhia acharia o rumo do sucesso. 

Claro, quem saiu na frente mais uma vez foi quem soube antes de todo mundo do sucesso do Superman. No fim de 1938, Vin Sullivan, empregado de Donenfeld na National Allied Publications, começou a encomendar a outros colaboradores histórias e personagens com a mesma pegada do Homem de Aço. "Vin conversou com várias pessoas, entre elas (o desenhista) Bob Kane", conta Gerard Jones, pesquisador e ex-roteirista de quadrinhos que escreveu o livro Homens do Amanhã, sobre a origem da indústria dos heróis. "Era uma sexta-feira. Kane disse que voltaria na segunda-feira com um novo herói."

Assim, em um fim de semana, nasceu o Batman.Kane o criou em parceria com o roteirista Bill Finger, embora o segundo jamais tenha sido oficialmente creditado e o próprio desenhista só tenha admitido a ajuda após a morte do colega. Kane, assim como quase todos na indústria dos heróis, estava mais para bandido que para mocinho. E então os Estados Unidos entraram na II Guerra Mundial.

REIS DA PROPAGANDA 
Em tempos beligerantes, o cultivo do patriotismo é fundamental. Os super-heróis, com sua clássica, e quase infantil, visão do bem e do mal, serviram muito bem a esse propósito. Com a entrada dos Estados Unidos na guerra, após o bombardeio japonês a Pearl Harbor, no Havaí, em 7 de dezembro de 1941, Superman e seus seguidores passaram mais do que nunca a posar em frente à bandeira americana. Nasceu também, naquele mesmo ano, o mais patriota de todos os heróis: o Capitão América. 

Criado por Joe Simon e Jack Kirby, o personagem foi o grande hit da Timely Comics, de Martin Goodman, que mais tarde seria rebatizada Marvel. Apesar de ter interrompido sua série de calotes aos colaboradores, ele passou a perna na dupla. Prometeu 15% da renda da revista do Capitão América, mas não cumpriu. Revoltados, os dois foram procurar emprego com Jack Liebowitz na rival National - futura DC. Ato contínuo, Goodman decidiu que não precisaria contratar mais ninguém para tocar o Capitão América e suas outras publicações. Promoveu a editor um office boy de 19 anos que nem sequer lia quadrinhos. Seu nome era Stanley Lieber. Para os íntimos, Stan Lee. 

Enquanto isso, os heróis iam "para o alto e avante". Superman virou um caríssimo desenho animado para cinema (e foi lá que ele aprendeu a voar - originalmente, o herói só saltava) e também um programa de rádio. O racionamento de papel, em razão da guerra, não afetava a indústria dos quadrinhos, que era vista pelo governo americano como uma importante peça de propaganda contra as forças do Eixo. 

Quando a guerra acabou, o que sobrou foi um mundo a reconstruir. Os quadrinhos de heróis passaram a ser menos interessantes diante de um público mais maduro e calejado. Em contrapartida, crescia o movimento de críticos que atribuíam à violência em suas páginas a delinquência juvenil. 

Fora do papel, contudo, a popularidade permanecia. Batman era adaptado para curta-metragens em série no cinema, e o programa de rádio do Superman ousava mexer com as entranhas do racismo americano ao ridicularizar a Ku Klux Klan. Em 1946, munidos por um ativista que se infiltrou no grupo, os produtores decidiram colocar o Homem de Aço contra uma organização que atacava minorias. "A história era chamada The Clan of the Fiery Cross. Era disfarçado, mas totalmente óbvio. Eles mostravam o clã atacando minorias, usando capuzes, fazendo coisas altamente realistas para um programa de rádio infantil", diz Rick Bowers, autor do livro Superman Versus the Ku Klux Klan. 

A história teve excelente audiência e ajudou a desmoralizar o grupo racista, reduzindo seu recrutamento. Segundo a revista Newsweek, foi "o primeiro programa infantil a desenvolver uma consciência social nos jovens". 

Contudo, no mundo das páginas impressas, as críticas não passaram. Pior: chegaram ao auge quando o psiquiatra alemão Fredric Wertham publicou o livro Seduction of the Innocent, em 1954, sugerindo que a maior parte dos casos de violência infantil era influenciada pelos quadrinhos. Em setembro daquele ano, como reação da indústria, surgiu a Comics Code Authority - uma forma de autocensura para eliminar os conteúdos mais violentos. De repente, os heróis não podiam nem dar um murro num bandido que já pegava mal.


ERA DE PRATA 

Para dar nova vida aos heróis sob os novos códigos de conduta, seria preciso mais uma explosão criativa. Do lado da DC Comics, no fim dos anos 1950, haveria a reconstrução da mitologia de alguns de seus heróis, como Flash e Lanterna Verde (com mudanças em sua origem e até mesmo em sua identidade secreta), e a criação da Liga da Justiça. Mas desta vez a Marvel responderia à altura. 

Stan Lee começou com o Quarteto Fantástico - criado a pedido de Goodman em 1961 para competir com a Liga da Justiça -, mas em rápida sucessão, até 1963, criou Hulk, Thor, Homem-Aranha, Homem-de-Ferro, os Vingadores e os X-Men. Eram heróis mais complexos, para um mundo menos ingênuo. Isso reacendeu a indústria e colocou pela primeira vez a Marvel em condições de competir com a DC. 

Enquanto isso, os heróis invadiam com força total a então nascente televisão. Superman chegou com seu seriado em 1952, com uma transição quase natural dos programas de rádio. Pela primeira vez, um ator se identificaria com o papel: George Reeves. Ele interpretou o herói até 1958, mas teve um fim trágico. Suicidou-se no ano seguinte, chocando o mundo e encerrando a produção da série. 

Na década de 1960, foi a vez de Batman tomar de assalto a TV, com uma série escrachada, divertida e surreal, protagonizada por Adam West, como Batman, e Burt Ward, como Robin. O programa durou três temporadas, entre 1966 e 1968. E na década seguinte, o Homem-Morcego voltaria à TV, mas na forma de desenho animado: em Superamigos, produzido em parceria com a Hanna-Barbera, ele e o Menino-Prodígio fariam parte de um grupo similar ao da Liga da Justiça, que reunia também Superman, Mulher-Maravilha e Aquaman, entre outros. 

O fim da década de 1970 viu a Marvel começando a colocar as manguinhas de fora para arrebentar fora dos quadrinhos, com a série de TV do Hulk.


VOOS CINEMATOGRÁFICOS 
Em 1975, o mundo ficou sabendo da penúria pela qual passavam os iniciadores de tudo isso, Jerry Siegel e Joe Shuster. Os dois processaram a National para tentar recuperar os direitos sobre o Superman, mas perderam, em 1948. E aí ficaram na rua da amargura. Quando Siegel ficou sabendo que a Warner ia lançar um filme do Superman, com uma superprodução, se revoltou e escreveu uma carta, divulgando aos quatro ventos como ele e Shuster estavam pobres, enquanto outros ficaram milionários com sua criação. 

Para abafar o rolo, a Warner, então já fundida com a DC Comics, decide pagar uma pensão vitalícia aos dois. Superman chega aos cinemas e eleva a popularidade dos heróis a um novo patamar. Aquele foi o embrião da febre dos heróis no cinema, que parece atingir seu ápice nos dias de hoje, 4 décadas depois. E é curioso notar que o mundo precisa tanto dos heróis agora como quando eles foram criados. Naquela época, a recessão corria solta e pairava a ameaça de uma guerra. Hoje, a situação não é muito diferente - a maior crise econômica global desde os anos 1930 e o constante medo do terrorismo. Coincidência? 

Nos quadrinhos, com mais de 70 anos de vida, esses personagens seguem se reinventando periodicamente. Em setembro do ano passado, a DC resolveu arrepiar: cancelou todas as revistas e começou tudo de novo, do zero. Uma tentativa de recuperar o espaço perdido e recapturar a imaginação do público. E certamente essa não será a última decisão radical. Há quase um século, esses personagens têm se adaptado às circunstâncias para preservar sua relevância. E há algo tão elementar neles que nos permite dizer que jamais serão esquecidos.


1934 - CRIME E MULHER 
A combinação explosiva figurava em revistas baratas, chamadas pulps, precursoras da indústria dos quadrinhos. 


1938 - ACTION COMICS 
Superman faz sua primeira aparição na capa da edição inaugural da revista e é um sucesso instantâneo. 


BATMAN - MAI.1939 
Sua primeira aparição aconteceu na revista Detective Comics 27. 


1941 - CAPITÃO AMÉRICA 
Nasce. já em sua própria revista, o maior herói patriótico da história dos quadrinhos. 


SUPERMAN - jun.1939 
Um ano depois de começar a ser publicado, Superman ganha sua revista.

EXPLOSÃO CRIATIVA - A ERA DE OURO 
Entre 1939 e 1941, houve um estouro de criatividade. Tudo motivava novas invenções, que imediatamente caíam no gosto da molecada. Ao ver um funcionário do metrô de Nova York sinalizar para o trem com uma lanterna verde, o desenhista Martin Nodell teve a inspiração para criar o Lanterna Verde, publicado pela All-American Comics. O Flash apareceu naquela época também. E a Mulher-Maravilha foi criada por um psiquiatra que apostava que os quadrinhos deviam ser levados a sério. Seu nome era William Marston, e o sujeito era no mínimo peculiar: é difícil acreditar que criador de uma heroína progressista e feminista pudesse ser um bígamo que tinha em casa as duas esposas convivendo pacificamente, cada uma com dois filhos dele. Mas eram aqueles os tempos. 


1946 - SUPERMAN VS. KLAN 
O Homem de Aço trava no rádio uma batalha contra um grupo que atacava minorias. 


HULK - 1962 
Na estreia, o monstro era cinza. Só depois ele viraria verde, como é conhecido até hoje

MINHA GIOVANA NO FEMUSA ENTREGANDO O VIOLÃO AO ARTISTA SORTEADO

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