Paulo Roberto Costa afirmou que partidos recebiam parcelas dos valores.
Procuradas, assessorias das legendas não se manifestaram.
O ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso em regime domiciliar no Rio, afirmou na quarta-feira (8), em depoimento à Justiça Federal do Paraná, que parte da propina cobrada de fornecedores da estatal era direcionada para atender a PT, PMDB e PP.
O G1 obteve o áudio no qual Costa diz ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo processo da Lava Jato na primeira instância, que a Diretoria de Serviços da estatal, na época comandada por Renato Duque, cobrava 3% de propina sobre contratos da área. Desse percentual, disse o ex-dirigente, dois terços abasteciam os cofres do PT.
De acordo com o Jornal Hoje, a assessoria do PT informou que por enquanto não se manifestará sobre as denúncias. A assessoria do PP informou que desconhece o conteúdo das denúncias, mas o partido está disposto a auxiliar nas investigações. O PMDB informou que não vai se manifestar porque não teve acesso ao conteúdo da delação.
Segundo Paulo Roberto Costa, os ex-diretores Renato Duque e Nestor Cerveró (área internacional) participavam do suposto esquema de pagamento de propina montado na empresa, do qual ele próprio se beneficiava.
Paulo Roberto Costa também destacou que o antigo colega da diretoria de Serviços havia sido indicado para o alto cargo pelo ex-ministro José Dirceu, condenado no processo do mensalão por corrupção ativa. Ainda de acordo com ele, o ex-diretor da área internacional foi indicado pelo PMDB.
"Olha, em relação à Diretoria de Serviços [comandada por Renato Duque], todos sabiam que 2%, dos 3% [cobrados de propina], eram para atender ao PT. Através da Diretoria de Serviços. Outras diretorias, como Gás e Energia e Exploração e Produção, também eram PT", declarou Costa à Justiça Federal.
Em nota enviada ao G1, o advogado de Renato Duque, Alexandre Lopes de Oliveira, afirmou desconhecer o teor dos "inúmeros" depoimentos prestados por Paulo Roberto Costa. Ele disse que, caso o ex-diretor da Petrobras venha a acusar seu cliente por qualquer prática ilícita, ele "será responsabilizado no campo cível e criminal".
Segundo Oliveira, Renato Duque, que trabalhou por mais de 30 anos na Petrobras, "sempre pautou sua atuação na empresa pela correção e não admitirá injurias, difamações e calúnias em detrimento de sua honra."
"O patrimônio adquirido pelo sr. Renato Duque está devidamente declarado à Receita Federal e lastreado em anos e anos de trabalho", completa o comunicado da defesa de Duque.
Por telefone, o advogado de Nestor Cerveró, Edson Ribeiro, disse à TV Globo que a delação de Paulo Roberto Costa "não foi obtida de forma voluntária, como determina a lei". Para ele, esse é um "momento de muita cautela" e o ex-diretor da Petrobras deu uma declaração "sob pressão" para voltar para casa e ter penas e processos diminuídos.
Segundo Ribeiro, a Constituição estabelece que toda delação tem que ser feito de acordo com o devido processo legal e o Estado possui compromissos com os direitos de cada cidadão, entre eles, o "de ficar calado" para não produzir provas contra si mesmo. Por isso, segundo ele, as declarações devem ser analisadas "com cuidado".
"Quanto a Nestor Cerveró, em 2010, ele não estava mais na diretoria da Petrobrás. Ele saiu em 2008. Não tivemos acesso às denúncias feitas por Paulo Roberto Costa. Até hoje não existe qualquer investigação contra Cerveró. Quando houver alguma investigação, a defesa vai se manifestar", concluiu o advogado.
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