O tamanho da Lua cheia no horizonte é ilusão de ótica
Artigo do astrônomo Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, explicando por que o tamanho da Lua cheia no horizonte é ilusão de ótica.
por Ronaldo Rogério de Freitas Mourão
Uma das mais conhecidas ilusões cósmicas é a aparente ampliação do diâmetro da Lua. Em contraste com as distantes árvores e prédios que delimitam o horizonte, é difícil acreditar que aquele disco imenso e avermelhado seja menos do que quando está acima da nossa cabeça no céu. Verificar isso, porém, é fácil. Basta colocar uma ficha de telefone à mesma distância do olho em direção à Lua no horizonte e próximo ao zênite e constatamos que a moeda cobre todo o disco lunar nas duas posições.
Com mais recursos, poderemos medir com um micrômetro, através de uma luneta ou telescópio, o diâmetro da Lua tanto no horizonte quanto no zênite e concluir que, nesta última posição, ele é ligeiramente superior. Segundo a maioria dos astrônomos, o que acontece é um erro de interpretação do nosso cérebro. Inconscientemente adotamos uma escala diferente para medir os objetos no céu, de acordo com a sua distância do zênite.
A relação entre o diâmetro aparente da Lua no horizonte e no zênite é de cerca de dois para um, ou seja, no horizonte ele parece duas vezes maior que no zênite. Fotografias comprovam isso: Durante muitos séculos, os astrônomos atribuíram ao fenômeno diferentes causas. Com a descoberta do telescópio, o astrônomo francês Pierre Gassendi (1592 – 1655) argumentava que a Lua, sendo menos luminosa no horizonte do que no meridiano, produzia maior dilatação da pupila, e em conseqüência sua imagem aparecia muito maior.
Sua explicação não foi confirmada por nenhuma experiência. A partir daí, a questão foi examinada por muitos cientistas. Mas a hipótese mais aceitável surgiu no século XIX, quando o astrônomo francês Charles Delaunay desenvolveu uma explicação com base na psicologia da percepção. Para ele, quando a Lua está próxima do horizonte, nosso subconsciente a compara com os objetos do solo mais próximos como casas, árvores, colinas, e assim se subestimam suas dimensões.
Esse procedimento conjunto do olho e do cérebro introduz um achatamento aparente da abóbada celeste. Por isso, a Lua próxima do horizonte parece maior, quando a distância aparentemente é maior. Normalmente, quando um objeto retrocede do observador, parece conservar o mesmo tamanho, ainda que a sua imagem venha a se tornar mais reduzida para o olho. No caso da Lua ocorre o contrário: toda vez que o horizonte parece mais afastado, sua imagem ótica é maior.
É difícil aceitar essa teoria, pois, em geral, as pessoas acreditam que a Lua no horizonte parece mais próxima do que quando está no zênite (Figura 2). Em 1942, os psicólogos americanos Donald W. Taylor e Edwin G. Boring demonstraram que a “ilusão lunar” estava associada à visão binocular. Eles constaram que a ilusão desaparecia quando a Lua no horizonte era vista através de um tubo, entre o polegar e o dedo indicador. O mesmo acontecia quando se abaixava a cabeça colocando-a entre as pernas para olhar a Lua no horizonte.
Os psicólogos demonstraram também que os objetos terrestres intermediários não têm nada a ver com essa ilusão. Ela depende da posição e da visão binocular dos olhos do observador. Esses experimentos saíram do campo da Astronomia e se transformaram num desafio para os cientistas. Os psicólogos, por exemplo, acreditam que, quando se olha para o zênite, a posição da cabeça implica uma divergência das linhas para onde os olhos se dirigem, o que faz com que a Lua pareça bem menor. É possível que os dois fenômenos, o da abóbada celeste achatada, associado às diferentes posições da visão binocular, sejam responsáveis pela enorme dilatação da Lua no horizonte e sua redução no zênite. Esta ilusão ótica, que não se limita à Lua, ao Sol e às constelações, é ainda um problema sem solução.
Com mais recursos, poderemos medir com um micrômetro, através de uma luneta ou telescópio, o diâmetro da Lua tanto no horizonte quanto no zênite e concluir que, nesta última posição, ele é ligeiramente superior. Segundo a maioria dos astrônomos, o que acontece é um erro de interpretação do nosso cérebro. Inconscientemente adotamos uma escala diferente para medir os objetos no céu, de acordo com a sua distância do zênite.
A relação entre o diâmetro aparente da Lua no horizonte e no zênite é de cerca de dois para um, ou seja, no horizonte ele parece duas vezes maior que no zênite. Fotografias comprovam isso: Durante muitos séculos, os astrônomos atribuíram ao fenômeno diferentes causas. Com a descoberta do telescópio, o astrônomo francês Pierre Gassendi (1592 – 1655) argumentava que a Lua, sendo menos luminosa no horizonte do que no meridiano, produzia maior dilatação da pupila, e em conseqüência sua imagem aparecia muito maior.
Sua explicação não foi confirmada por nenhuma experiência. A partir daí, a questão foi examinada por muitos cientistas. Mas a hipótese mais aceitável surgiu no século XIX, quando o astrônomo francês Charles Delaunay desenvolveu uma explicação com base na psicologia da percepção. Para ele, quando a Lua está próxima do horizonte, nosso subconsciente a compara com os objetos do solo mais próximos como casas, árvores, colinas, e assim se subestimam suas dimensões.
Esse procedimento conjunto do olho e do cérebro introduz um achatamento aparente da abóbada celeste. Por isso, a Lua próxima do horizonte parece maior, quando a distância aparentemente é maior. Normalmente, quando um objeto retrocede do observador, parece conservar o mesmo tamanho, ainda que a sua imagem venha a se tornar mais reduzida para o olho. No caso da Lua ocorre o contrário: toda vez que o horizonte parece mais afastado, sua imagem ótica é maior.
É difícil aceitar essa teoria, pois, em geral, as pessoas acreditam que a Lua no horizonte parece mais próxima do que quando está no zênite (Figura 2). Em 1942, os psicólogos americanos Donald W. Taylor e Edwin G. Boring demonstraram que a “ilusão lunar” estava associada à visão binocular. Eles constaram que a ilusão desaparecia quando a Lua no horizonte era vista através de um tubo, entre o polegar e o dedo indicador. O mesmo acontecia quando se abaixava a cabeça colocando-a entre as pernas para olhar a Lua no horizonte.
Os psicólogos demonstraram também que os objetos terrestres intermediários não têm nada a ver com essa ilusão. Ela depende da posição e da visão binocular dos olhos do observador. Esses experimentos saíram do campo da Astronomia e se transformaram num desafio para os cientistas. Os psicólogos, por exemplo, acreditam que, quando se olha para o zênite, a posição da cabeça implica uma divergência das linhas para onde os olhos se dirigem, o que faz com que a Lua pareça bem menor. É possível que os dois fenômenos, o da abóbada celeste achatada, associado às diferentes posições da visão binocular, sejam responsáveis pela enorme dilatação da Lua no horizonte e sua redução no zênite. Esta ilusão ótica, que não se limita à Lua, ao Sol e às constelações, é ainda um problema sem solução.
Ronaldo Rogério de Freitas Mourão é astrônomo e membro da União Astronômica Internacional
Eventos do mês
Constelações
Nas noites límpidas, especial sem luar, podemos observar a constelação de Cisne, uma das mais belas do Hemisfério Norte, também observável no Hemisfério Sul a partir do dia 15 às 20 horas. Suas principais estrelas, Alfa, Beta, Delta e Epsilon formam com Gama uma extensa cruz invertida que é vista próxima ao horizonte norte. No dia 20, às 20 horas, próximo ao zênite, está a constelação de Sagitário, onde se localiza o centro da Via Láctea, uma enorme concentração de estrelas, cujo intenso brilho é absorvido por nuvens de poeira interestelar.
Meteoros
No dia 10 ocorrera a máxima atividade dos Beta Cetídeos, meteoros visíveis com radiante próximo `a estrela Beta da Baleia. Podem atingir uma freqüência de cinco por hora. Esse enxame estará próximo ao zênite às 3 horas e trinta minutos. No dia 15, às 3 horas, aparecem no zênite os meteoros do enxame Piscídeos, com radiante na constelação de peixes. Rápidos, deixam rastros após sua passagem. A taxa horária é de cinco meteoros.
Fases da lua
Lua cheia, dia 4, às 22h46min;Quatro minguante, dia 11,às 17h53min; Lua nova, dia 18, às 21h46min; Quarto crescente, dia 26, às 23h06min. A luz cinzenta poderá ser observada entre os dias 18 e 20.
Planetas
Mercúrio: melhor observá-lo antes do nascer do Sol, nos últimos dez dias do mês (magnitude: -0,4), quando estiver próximo à sua máxima elongação oeste do Sol, no dia 24. No dia 14, Mercúrio estará ao sul de Vênus.
Vênus: é o objeto mais brilhante do céu matutino, do lado leste (magnitude: -3,7). No dia 6, estará ao norte de Regulus.
Marte: visível na constelação de Carneiro antes da meia-noite, do lado leste (magnitude: -0,5). No dia 25, Marte estará ao norte de Aldebarã.
Júpiter: visível antes do nascer do Sol na constelação de Câncer, depois das 4 horas como astro matutino (magnitude: 1,5).
Saturno: visível na constelação de Sagitário logo após o pôr-do-sol (magnitude: +0,4), até as 3 horas da madrugada.
I visível com uma luneta logo após o pôr-do-sol até a 1 hora da manhã na constelação de Sagitário (magnitude: +6,1).
Netuno: visível com uma luneta na constelação de Sagitário logo após o pôr-do-sol (magnitude: +7,7) até a 1 hora da manhã.
Primavera
No dia 23, às 03h55min, o sol atinge o equador. Estamos no equinócio. Começa a primavera no Hemisfério Sul e o outono no Hemisfério Norte, quando as noites e os dias têm a mesma duração.
No dia 23, às 03h55min, o sol atinge o equador. Estamos no equinócio. Começa a primavera no Hemisfério Sul e o outono no Hemisfério Norte, quando as noites e os dias têm a mesma duração.
Para os iniciantes, o ponto referência para localizar os planetas é a Lua. No dia 10, Marte estará ao sul; no dia 15 Júpiter estará ao norte; No dia 17, Mercúrio estará ao norte; no dia 27, Urano estará ao norte e no dia 28, Saturno estará ao norte.
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