Hoje é aniversário de meu pai. Meu querido pai. Eu penso que pai e mãe deveriam ser eternos. Queria ter podido falar isso pra ele, quando ainda estava conosco aqui. Mas minha fé não deixa pensar que acabou pra ele nem que acabou para nós. Sim ele está com Deus, e com certeza olhando por nós, torcendo por nós e intercedendo por nós.
Mas quem foi meu pai?
José Pedro Ferreira foi chamado por Deus no dia 7 de setembro de 2015. Como doeu. No entanto, aprendi que mais do que ficar lamentando sua ausência, devo sim lembrar com alegria, dos momentos que passou ao nosso lado. E como agradeço a Deus por essa graça de tê-lo tido por tanto tempo (70 anos).
Quem por acaso ler este texto pode pensar que sou um filho exemplar, que nunca magoei meu pai. Pelo contrário, também fui adolescente, e nessa fase, como não ser complicado? Como não haver conflitos? Como não haver desentendimentos? Mas, pai é pai e ele já me perdoou como eu vou perdoar as minhas filhas.
Meu pai era trabalhador, honesto, fiel, leal. Nunca o vi falando mal de amigos no trabalho, na família. Aos 18 anos, serviu ao Exército no Rio de Janeiro. Nunca havia saido de casa e ficou 6 meses lá, no regime militar, rigoroso, principalmente naquela época. Aos 19 foi para São Paulo e depois retornou para trabalhar em Barbacena no DER. Nesse trabalho chegou a ficar seis meses sem receber. Complementava a renda arrancando gramas, depois do horário no DER. Depois de ter trabalhado duro capinando estradas e outras atividades pesadas. Quando não arrancava gramas, quebrava pedra. Plantava milho, feijão, em sociedade com proprietários de terra. Nunca soube onde arrumava tanta disposição. Hoje sei que era a necessidade mesmo. Lógico que preferia descansar ao nosso lado. Era preocupado. Se um dos cinco filhos sentia uma dorzinha simples, lá estava ele com todos os cuidados. Eu quebrei o braço aos 9 anos. Lembro de sua preocupação, me levando ao médico. Sofreu, coitadinho ao encontrar o irmão mais novo enforcado às margens do rio onde seus pais moravam. Sofreu e chorou muitos anos, como criança, quando perdeu o filho aos 12 anos de idade, meu irmão gêmeo. Mas celebrou muitos momentos alegres. Parece coisa simples, mas eu nunca esqueci quando ele trouxe um número 7 pra mim, para uma camisa de futebol que eu tinha. Antigamente as camisas não vinham com número. E ele trouxe de BH, depois de uma consulta médica, um número moderno, que não precisava costurar na camisa. Só colar.
Era bravo, positivo. Sim era sim, não era não. Eu tinha 30 anos, policial militar, mas ainda morava com eles. Não chegava depois das 23:30 horas. Mesmo já noivo. Ele ficava preocupado e eu o respeitava. Não havia nem telefone fixo para avisar, celular nem em sonho. Depois de casado, há muito tempo, eu tinha que esconder dele quando iria viajar, pegar rodovia era motivo de desespero pra ele.
Eu poderia ficar aqui um dia escrevendo sobre ele. Mas a vida continua e eu continuo com ele no coração, no pensamento. Onde estiver meu pai. Peço sua bênção.
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