quinta-feira, 24 de abril de 2014

AS SETE GLÓRIAS ANTIGAS: AS PIRÂMIDES DO EGITO

Sete glórias antigas

Das pirâmides do Egito ao Colosso de Rodes, sete formidáveis construções merecem dos gergos o título de "maravilhas". Seis delas sumiram quase sem deixar traço. Terão existido realmente?

Muitos séculos antes da era cristã, os povos do Mediterrâneo tiveram o privilégio de conhecer os monumentos que para os gregos eram as maiores realizações materiais da Antigüidade, as sete maravilhas do mundo: as Pirâmides do Egito, o Farol de Alexandria, os Jardins Suspensos da Babilônia, o Templo de Ártemis, a Estátua de Zeus, o Mausoléu de Halicarnasso e o Colosso de Rodes. A relação que data do século II a.C., é atribuída a Antípater, poeta grego nascido em Sidon, no atual Líbano. A idéia surgiu com o desenvolvimento da erudição, o conhecimento acumulado em cada área da atividade humana.
Com o auxílio da literatura de viagens, que descrevia paisagens físicas, construções e costumes, também chamada literatura de mirabilia (do latim, que vale a pena ver), nasceu o inventário das maravilhas, limitadas não se saber por que a sete. Construídas em diferentes épocas, é quase certo que todas ainda estavam em pé em meados do século II a.C., mas não mais no tempo de Antípater. Delas só restaram as pirâmides do Egito. Quanto às outras, pairam muitas dúvidas: a data exata de construção e destruição, o tamanho real e até que aspecto de fato teriam tido.
Enquanto imagens do Colosso de Rodes e da Estátua de Zeus foram reconstruídas com base em descrições incompletas e reproduções estilizadas em moedas, o Farol de Alexandria, o Templo de Ártemis e o Mausoléu de Halicarnasso puderam ser desenhados graças a documentos históricos considerados bastante próximos do original. Dos Jardins Suspensos da Babilônia nem se sabe sequer quando desapareceram. Não que se tenha certeza absoluta da época em que tiveram fim os outros monumentos, mas para alguns deles é possível, ao menos, mencionar datas prováveis.
As primeiras reconstruções dessas maravilhas, embora fantasiosas muitas vezes, surgiram nos séculos XVI e XVII. Algumas são atribuídas ao jesuíta alemão Athanasius Kircher (1601-1680), que pesquisou uma vasta gama de assuntos e escreveu 44 livros. Reproduções mais verossímeis só puderam ser feitas quando os arqueólogos começaram a estudar o que restou de algumas maravilhas, a partir dos séculos XVIII e XIX. Do que se descobriu, emerge uma certeza: a lista do velho Antípater pode estar incompleta -- por que não inclui, por exemplo, o Pártenon, de Atenas? -- , mas as obras selecionadas devem ter sido, de fato, maravilhosas.



AS PIRÂMIDES DO EGITO
Dois milhões de blocos

As três pirâmides do Egito ocupam merecidamente o primeiro lugar da relação. Construídas entre 2551 e 2495 a.C. para servirem de túmulo aos faraós, são também os mais antigos dos sete monumentos. Prova do alto nível da ciência e tecnologia do Antigo Egito, com soluções de engenharia admiráveis para qualquer época e lugar, erguem-se imponentes na planície de Gizé, a 15 quilômetros do Cairo. A maior é a de Quéops, o segundo rei da IV dinastia. Segundo o historiador grego Heródoto, sua construção mobilizou 100 mil trabalhadores durante vinte anos. Com 146 metros de altura -- o equivalente a um edifício de 48 andares -- , foi a primeira a ser construída, com mais de 2 milhões de blocos de pedra.
As pirâmides tinham, inicialmente, uma base hexagonal, isto é, de seis lados. A partir da pirâmide monumental (que não faz parte das sete maravilhas), atribuída ao rei Snefru, a estrutura básica alargou-se até se transformar num bloco compacto de alvenaria com oito terraços, preenchidos com blocos de pedra que se encaixavam perfeitamente, formando um aclive em degraus. Recoberta a construção com uma massa lisa de pedra calcária, resultou uma verdadeira pirâmide geométrica.
Um pouco menor que a de Quéops, a pirâmide de Faraó Quéfren tinha 143 metros de altura: a terceira, de Miquerinos, 66 metros. Provavelmente, os próprios faraós, foram os arquivos das suas pirâmides, onde, segundo a crença, eles ressuscitariam. O apogeu do poder real no Egito deu-se justamente no período correspondente à IV dinastia, quando a centralização era a marca registrada do sistema político.



O FAROL DE ALEXANDRIA
120 metros em mármore

Na ilha que fica diante da cidade de Alexandria, no Egito, ergueu-se o mais famoso farol da Antigüidade. Por isso a ilha foi chamada Faros (farol, em grego). Modelo para a construção dos que o sucederam, o Farol de Alexandria foi classificado como a segunda maravilha do mundo. Todo de mármore e com 120 metros de altura -- três vezes o Cristo Redentor no Rio de Janeiro --, foi construído por volta de 280 a.C. pelo arquiteto grego Sóstrato de Cnidos, por ordem de Ptolomeu II, rei grego que governava o Egito. Diz a lenda que Sóstrato procurou um material resistente à água do mar e por isso a torre teria sido construída sobre gigantescos blocos de vidro. Mas não há nenhum indício disso.
Com três estágios superpostos -- o primeiro, quadrado; o segundo, octogonal; e o terceiro, cilíndrico --, dispunha de mecanismos que assinalavam a passagem do Sol, a direção dos ventos e as horas. Por uma rampa em espiral chegava-se ao topo, onde à noite brilhava uma chama para guiar os navegantes. Compreende-se a avançada tecnologia: Alexandria tinha-se tornado naquela época um centro de ciências e artes para onde convergiam os maiores intelectuais da Antigüidade.
Cumpria-se assim a vontade de Alexandre, o Grande, que ao fundar a cidade, em 332 a.C., queria transformá-la em centro mundial do comércio, da cultura e do ensino. Os reis que o sucederam deram continuidade a sua obra. Sob o reinado de Ptolomeu I (323-285 a.C.), por exemplo, o matemático grego Euclides criou o primeiro sistema de geometria. Também ali o astrônomo Aristarco de Santos chegou à conclusão de que o Sol e não a Terra era o centro do Universo. Calcula-se que o farol tenha sido destruído entre os séculos XII e XIV. Mas não se sabe como nem por quê.



OS JARDINS SUSPENSOS DA BABILÔNIA
Seis montanhas artificiais

A terceira maravilha são os Jardins Suspensos da Babilônia, construídos por volta de 600 a.C., às margens do rio Eufrates, na Mesopotâmia - no atual sul do Iraque. Os jardins, na verdade, eram seis montanhas artificiais feitas de tijolos de barro cozido, com terraços superpostos onde foram plantadas árvores e flores. Calcula-se que estivessem apoiados em colunas cuja altura variava de 25 a 100 metros. Para se chegar aos terraços subia-se por uma escada de mármore; entre as folhagens havia mesas e fontes. Os jardins ficavam próximos ao palácio do rei Nabucodonosor II, que os teria mandado construir em homenagem à mulher, Amitis, saudosa das montanhas do lugar onde nascera.
Capital do império caldeu, a Babilônia, sob Nabucodonosor, tornou-se a cidade mais rica do mundo antigo. Vivia do comércio e da navegação, buscando produtos na Arábia e na Índia e exportando lã, cevada e tecidos. Como não dispunham de pedras, os babilônios usavam em suas construções tijolos de barro cozido e azulejos esmaltados. No século V a.C., Heródoto dizia que a Babilônia “ultrapassava em esplendor qualquer cidade do mundo conhecido”. Mas em 539 a.C. o império caldeu foi conquistado pelos persas e dois séculos mais tarde passou a ser dominado por Alexandre, o Grande, tornando-se parte da civilização helenística. Depois da morte de Alexandre (323 a.C.), a Babilônia deixou de ser a capital do império. Começou assim sua decadência. Não se sabe quando os jardins foram destruídos; sobre as ruínas da Babilônia ergueu-se, hoje, a cidade de Al-Hillah, a 160 quilômetros de Bagdá, a capital do Iraque.

  

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