População diminui em 21% das cidades do país entre 2000 e 2013
De 5.570 municípios, 1.178 encolheram, apontam
dados do IBGE.
Maioria das cidades tem menos de 50 mil habitantes.
Maioria das cidades tem menos de 50 mil habitantes.
Clara VelascoDo G1, em São
Paulo
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Das 5.570 cidades do Brasil, 1.178 viram suas
populações encolherem entre 2000 e 2013, segundo levantamento feito pelo G1 com baseem dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número representa21,1% do total, sendo que a maioria dos municípios
(98,8%) tem menos de 50 mil habitantes.
Do total, 63 cidades cujos dados não constam
no Censo
Demográfico de 2000
não foram consideradas, pois suas fundações ocorreram após esse ano ou pouco
tempo antes.
O município que mais perdeu proporcionalmente a
população foi Maetinga, na Bahia, que fica a 609 quilômetros de Salvador. No
censo de 2000, a cidade, que foi criada em 1985, aparece com 13,7 mil pessoas.
Já em 2013, o número caiu para 5,9 mil - queda de 56,4%.
Maetinga é seguida por Brejo de Areia, no Maranhão
(55,9%), Severiano Melo, no Rio Grande do Norte (55,8%) e Itaúba, no Mato
Grosso (50,5%). Com exceção de Severino Melo, as cidades foram fundadas entre
as décadas de 80 e 90.
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A cidade de Cumaru, em Pernambuco, também apresenta
um alto índice de queda segundo os dados do IBGE (48,2%). A população teria
passado de 28.607 em 2000 para 14.815 em 2013.
Entretanto, para evitar a diminuição do repasse
do Fundo de
Participação Municipal
(FPM), que cairia com a queda da população, o prefeito Eduardo Gonçalves Tabosa
Júnior (PSD) contestou judicialmente o número do instituto, que foi derrubado
através de uma liminar. Por esse documento, passou a valer a contagem de 2012,
que indica 17.470 habitantes.
Taxa de
fecundidade e migração
De acordo com Alisson Barbieri, professor do Departamento de Demografia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o alto percentual de cidades que encolheram pode ser explicado pela combinação de dois fatores: a redução da fecundidade no país e os processos migratórios internos.
De acordo com Alisson Barbieri, professor do Departamento de Demografia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o alto percentual de cidades que encolheram pode ser explicado pela combinação de dois fatores: a redução da fecundidade no país e os processos migratórios internos.
Segundo dados
do Censo Demográfico
de 2010 divulgados em 2012 pelo IBGE, a taxa de fecundidade brasileira caiu de
6,16 filhos por casal em 1940 para 1,9 entre 2000 e 2010. Para a população
continuar crescendo, o nível mínimo é de 2,1. Por isso, o ritmo de aumento da
população no país passou de 3% ao ano na década de 50 para 1,17% na última
década.
No país, apenas a região Norte está acima da média
da taxa - 2,47. As mais baixas são a Sudeste (1,7) e a Sul (1,78), cujos
estados se destacam com altas proporções de municípios que encolheram: Rio
Grande do Sul (42,5%), Paraná (36,6%) e Santa Catarina (27,5%).
Ao mesmo tempo, as cidades pequenas ainda sofrem
com o abandono de pessoas que buscam melhores condições de vida em outras
cidades maiores. "Isso está ligado ao fato de que muitos municípios são
criados no país sem qualquer estrutura econômica, então a sustentabilidade
deles é questionável. [A queda de população] é uma consequência
previsível", diz Barbieri.
Além disso, a migração causa um ciclo negativo.
"Como tendem a perder suas populações ativas, esses municípios ficam com a
estrutura etária envelhecida, o que requer estrutura médica melhor, entre
outras coisas. Isso compromete ainda mais a sustentabilidade dessas
cidades."
O que fazer para contornar o problema "é uma
grande questão", segundo o professor. "Tem que pensar em programas de
descentralização econômica regional, algum tipo de estratégia para dinamizar os
municípios", afirma Barbieri.
Inchaço
populacional
Na outra ponta, 4.329 cidades brasileiras cresceram entre 2000 e 2013 - 77,7%. Do total, 283 (6,5%) cresceram mais que 50%. O destaque é Balbinos, no interior de São Paulo, cuja população passou de 1,3 mil em 2000 para 4,4 mil em 2013 - elevação de 237,6%.
Na outra ponta, 4.329 cidades brasileiras cresceram entre 2000 e 2013 - 77,7%. Do total, 283 (6,5%) cresceram mais que 50%. O destaque é Balbinos, no interior de São Paulo, cuja população passou de 1,3 mil em 2000 para 4,4 mil em 2013 - elevação de 237,6%.
Instalação de penitenciárias aumentou a população
de Balbinos (Foto: Alan Schneider/G1)
de Balbinos (Foto: Alan Schneider/G1)
O principal motivo do crescimento de Balbinos foi a
instalação de duas penitenciárias masculinas em 2006. Por isso, dos 4,4 mil
moradores da cidade, 3,2 mil são presos.
Outras três cidades tiveram mais que 200% de aumento: Rio das Ostras, no Rio de Janeiro (235,5%), Pedra Branca do Amapari,
no Amapá (220%), e São Félix do Xingu, no Pará (208,9%). A maioria das
cidades, porém, aumentou entre 0 e 20%. Foram 2.779 municípios, o que
representa 63,2% do total.
Apesar do aumento generalizado, a expectativa é que
o crescimento de população brasileira siga em ritmo de queda. "Entre 2030
e 2040, a tendência é que a população se estabilize e entre eventualmente em
uma rota de declínio por causa da queda da fecundidade", diz Barbieri.
"Claro que a questão migratória pode entrar aí como elemento de
desequilíbrio, já que, se algum município começar a atrair muitas pessoas,
reverte a tendência."
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