PF prende vereador líder de greve da PM na Bahia
Marco Prisco é detido em resort na Costa do Sauípe e levado para a Papuda, em Brasília. Policiais ameaçam nova paralisação até que tucano seja solto
Felipe Frazão
Marco Prisco, líder da greve da PM na Bahia, é detido pela PF e levado para a Papuda (Lúcio Távora/Ag. A Tarde/Futura Press)
A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira o vereador tucano Marco Prisco, líder dos policiais militares grevistas na Bahia. Prisco foi detido em um resort na Costa do Sauípe, litoral baiano. O parlamentar foi transferido imediatamente para o Complexo da Papuda, em Brasília. Além de vereador em Salvador, Prisco é diretor-geral da Associação de Policiais e Bombeiros da Bahia (Aspra), uma das entidades que organizaram as paralisações da PM neste ano e em 2012 – após a qual Prisco se elegeu. Policiais agora ameaçam retomar a paralisação que havia sido encerrada nesta quinta-feira, após acordo com o governo estadual.
A pedido do Ministério Público Federal (MPF), o juiz Antônio Oswaldo Scarpa, da 17ª Vara Federal em Salvador, expediu o mandado de prisão preventiva contra Prisco no dia 15 de abril – antes, portanto, de os praças da PM firmarem acordo com o governo Jaques Wagner (PT) para dar fim à greve. Em nota, o MPF afirmou que o objetivo da prisão preventiva de Prisco é "garantir a ordem pública". Ele é réu, desde o ano passado, em ação penal por formação de quadrilha armada e crime contra a Segurança Nacional.
O MPF denunciou Prisco e outros seis militares (entre soldados e cabos), em abril de 2013, por crimes cometidos durante a greve de 2012, às vésperas do Carnaval. Segundo os procuradores, Prisco ganhou notoriedade e obteve benefícios eleitorais com a greve de 2012. Ele havia se candidatado a deputado estadual em 2010 pelo PTC, mas não conseguiu se eleger.
Para garantir a segurança de Prisco, o juiz decidiu que o réu deve ser mantido em presídio federal, em unidade de segurança máxima, por até noventa dias – por isso, ele teve de ser levado para a Papuda. A prisão de Prisco teve auxílio da Polícia Rodoviária Federal e da Aeronáutica, que cedeu a base área para a decolagem do avião que transportou o tucano para Brasília. Como é acusado de cometer crime político, Prisco terá de recorrer ao Supremo Tribunal Federal.
O parlamentar tucano, assim como as associações de PMs organizadoras da greve e seus dirigentes, teve os bens bloqueados por determinação do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. O tribunal havia determinado o fim imediato da greve e estabelecido multa de 1,4 milhão de reais, caso o movimento prosseguisse. Os grevistas da PM e o governo do Estado fecharam acordo e encerraram a paralisação nesta quinta-feira. Uma dos pontos do acordo era a anistia, no âmbito da corporação, de faltas administrativas leves cometidas durante os dois dias de paralisação. Os grevistas também exigiram que o Comando-Geral da PM reveja os processos administrativos disciplinares instaurados após a greve de 2012.
Nova greve – Após a captura de Prisco pela PF, o deputado estadual capitão Tadeu Fernandes (PSB) publicou nota de repúdio e acusou o governo baiano de "traição". Fernandes disse que o vereador tucano "assinou o acordo para encerrar a greve contrariando parte da tropa" e que "o governo mais uma vez trai a boa vontade dos policiais e bombeiros militares e manda prender Prisco". "Neste momento, por exigência dos policiais e bombeiros militares, saio da condição de moderador do movimento reivindicatório e assumo a liderança do mesmo. Conclamo toda a tropa para suspender as atividades imediatamente até que o governo providencie a soltura de Prisco", escreveu o deputado – embora caiba à Justiça Federal, não ao governo do Estado, decidir sobre a prisão ou soltura do réu.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública disse que "assegura o cumprimento de todos os itens do acordo firmado com as associações representativas da Polícia Militar". A pasta também disse que "não participou da operação de cumprimento do mandado de prisão do vereador".
Apesar do acordo na quinta, o Exército e a Força Nacional ainda permanecem em Salvador. O governador Jaques Wagner fará uma nova avaliação na segunda-feira para decidir sobre a dispensa das tropas federais na capital baiana. Os militares permanecerão na região sul do Estado até maio.
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