quarta-feira, 23 de abril de 2014

POR QUE O BRASILEIRO É TÃO SUJISMUNDO? - POR RUTH DE AQUINO

O Bloco dos Sujos é o campeão do Carnaval

O que faz alguém atirar lixo como o prefeito Eduardo Paes? Por que o brasileiro é tão sujismundo?

RUTH DE AQUINO
07/03/2014 21h57 - Atualizado em 09/03/2014 15h19
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A pergunta “Por que o Rio de Janeiro é tão sujo?” ganhou uma dimensão épica no Carnaval deste ano. Milhares de toneladas de lixo deixaram de ser removidas das ruas e das praias pelos garis em greve. Um lixo extraordinário, produzido por uma das populações mais sujismundas e mais mal-educadas do planeta: a brasileira.
O Rio, apesar de todas as suas mazelas – e o lixo é apenas uma delas, com a insegurança urbana, os preços surreais e o transporte caótico –, permanece um sonho para o turista nacional ou estrangeiro. É uma cidade absurdamente bela. Mesmo quem nasceu ou vive nela se emociona diante de uma vista após a curva, a linha de montanhas, os matizes do céu e da vegetação, uma cachoeira, o horizonte, uma lagoa, um pôr de sol. Essa beleza redime a cidade que insistimos em estragar. Todos nós: governos, empresas e a população. O Rio sofre um abuso generalizado e histórico que polui o ar, a água, o convívio e a estética.
Para quem não é carioca, o recado do lixo também serve. É natural que tudo seja criticado com lente de aumento no Rio, sob os holofotes até as Olimpíadas de 2016. Mas o que dizer de outras cidades? São Paulo também é suja, detritos emporcalham praças e ruas. Recife, Salvador, Maceió, Natal, quanta imundície nas areias das praias, um horror.
O que faz alguém jogar lixo no chão, na areia, na grama, na trilha, no cinema, no teatro, no bar, no estádio? O que faz alguém não se sentir responsável pelo lixo que produz? Falta de educação, de instrução, de cultura. E cultura não quer dizer diploma universitário. Falta cidadania, civilidade. Falta respeito a si mesmo, ao próximo e até ao gari.
Num vídeo do RioRealblog, criado por Julia Michaels, escritora americana que adotou o Rio há 20 anos, vi um gari responder ironicamente a quem diz jogar lixo na rua para dar emprego aos funcionários da Comlurb. “Então, já que você mora em casa própria, bota fogo na tua casa para dar trabalho ao bombeiro”, disse Landenberg Benedito da Silva em seu uniforme laranja, empunhando uma vassoura e empurrando o carrinho de lixo. “Rouba alguma coisa, para dar trabalho ao guarda municipal ou ao PM. Mas ninguém pensa assim. Só pensam em dar trabalho ao gari.”
Não entro no mérito da greve em pleno Carnaval. No mundo inteiro são assim os movimentos por salário. Há negociações, concessões, punições, quedas de braço. E um acordo final, que tenta livrar a cara de todo mundo.
A maior lição possível dessa greve momesca é obrigar o brasileiro a olhar para seu umbigo limpinho e perguntar por que tem o despudor de jogar de tudo no chão: latas, garrafas, plásticos, canudos, cigarros, restos de comida e papéis. Claro que os garis se tornam muito mais essenciais numa sociedade de sujismundos. As ruas de cidades civilizadas não são povoadas por lixeiras em cada esquina, e o gari não sai atrás de você limpando o rastro que você deixa.
Inacreditável ver gente culpando Coca-Cola, Ambev, Pepsi e outras empresas porque “mais da metade dos resíduos gerados no Carnaval são embalagens de bebidas”. Oi??? Onde está a responsabilidade de quem bebe e descarta? Em 2009, em artigo em ÉPOCA, sugeri ao prefeito Eduardo Paes uma medida radical: suspender a limpeza das praias pela Comlurb por dois dias, só para o povo se ver refletido na sujeira. Não há contêineres suficientes? Pois então, porquinhos, levem seu saquinho para as ruas e tragam o lixo de volta para casa.
O mais surreal foi o desfecho da semana. Um vídeo mostra Paes, incansável defensor do Lixo Zero, arremessando longe restos de alimento no meio do discurso de um vereador, em Sepetiba, Zona Oeste da cidade, no mês passado. Paes prometeu pagar a multa imposta por ele próprio. Não basta. Se queremos mudar a mentalidade, a saída honrosa, para quem deveria dar exemplo, é pedir desculpas e prometer nunca mais fazer isso.
Não sei se o pior mico foi o ato em si ou a desculpa oficial: “O prefeito lançou o resto de fruta na direção de uma lixeira mais afastada ou para que um de seus assessores fizesse o descarte em local mais adequado”. Quanto deve ganhar o assessor que descarta o lixo do prefeito em lixeira? Não há salário que pague.

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