terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Bolinha de Gude...não jogam mais.


    Hoje vi umas crianças jogando bolinhas de gude. Que saudade me deu. Fiz uma viagem maravilhosa no tempo. Incrível como as regras eram criativas e eu lembrei de todas. Lógico que cada região, provavelmente tinha as suas e possivelmente somente quem foi da minha época e cidade vai saber o que vou escrever. 
    O jogo começava sempre com, pelo menos duas pessoas. Eis as regras:

 ZEPS
 Era uma figura esférica com, mais ou menos, 20 cm de cumprimento. Tipo bola de futebol americano, com um traço no meio, onde os jogadores casam sua bolinha para cada partida. Acima do Zeps, a uns 4 metros, fazia-se um risco que definia quem começaria a jogar primeiro. Todos lançavam sua bolinha em direção ao risco e quem tivesse a bolinha mais próxima da linha, antes ou depois, começava primeiro. Com os pés na linha, em pé ou numa posição mais confortável, com a bolinha entre o dedos indicador e polegar impulsionava-a em direção ao Zeps, para tentar tirar quantas bolinhas conseguissem. Só parava de tirar quando errava...tiradas as bolinhas do Zeps, eram todos contra todos que ficas no jogo sem ser acertado ganhava a partida. 

DURAÇÃO
O jogo tinha duração até que  apenas um ficasse com todas as bolinhas...ou quando dava briga...e o jogo não podia prosseguir. Isso acontecia.

TECO
Era o barulho produzido quando a bolinha acertava na outra. 
Quando a bolinha parava perto do adversário e este indicava que iria acertá-la(matá-la), sendo esperto a vítima dizia "Com teco". Significava que teria que fazer o barulho. Sem ele a jogada era nula. Nesse caso o que  tentaria acertá-la tinha que dizer, rápido, antes da vítima, "Sem teco" ou sem nada". Esse barulho era meio subjetivo, se a vítima era mais bobinha, o adversário se impunha e decidia se valeu ou não. 

MARRAIA
Era a palavra dita antes de lançarem as bolinhas até a linha para o início do jogo. Quem dissesse Marraia primeiro poderia esperar os outros lançarem suas bolinhas para tentar lançar a sua mais próxima da linha para começar primeiro. Nisso, era bem democrático. Meu irmão, bem esperto, dizia numa tacada só: "Com cêis todo mundo for, sem nada(sem teco) aonde eu ir e marraia". Significava que todos deveriam lançar primeiro, e todos que fosse tentar acertá-lo teria que fazer o danado do barulho. 

PADA OU LAPA
Era a situação em que o jogador já havia perdido quase tudo e só ficara com uma bolinha. Ai ele não casava(colocava) uma bolinha no ZEPS. Ele jogava na Pada ou Lapa se todos concordassem. Se recuperasse continuava. Se acertassem sua bolinha, saia do jogo. 

BENS PARADAS E MAUS PARADAS
Nunca escrevi isso. Mas erra assim que falávamos. Maus, contrário de bens não existe...
Era uma pedido que o jogador fazia quando, principalmente em terrenos ingremes, ao jogar sua bolinha em direção ao ZEPS, caso ela pudesse parar muito longe ele dizia "Bens Paradas". Significava que passada pelo ZEPS o jogador podia pegar sua bolinha onde parou e trazê-la para mais perto do ZEPS. Enquanto, se os adversários fossem mais espertos, diziam "maus paradas" e a bolinha do solicitante tinha que para onde o destino mandasse. 

Essas eram as regras fixas, mas vez em quando  inventava-se uma nova que acabava pegando. Por exemplo a danada da "Mãos ao alto". Se o adversário que iria acertar a bolinha o outro vendo que estava muito perto, sem possibilidade de erro, dizia a frase e o outro era obrigado a ficar em pé para tentar a jogada. A distância aumentava.  Outra artimanha era "com risca e quatro dedos". A vítima dizia isso e o adversário tinha que fazer um risco onde estava e medir quatro dedos de distancia para dificultar um pouco.
E assim íamos vivendo, sem Video Games, sem internet, sem Tv por assinatura. Esquecíamos de ir almoçar, nossas mães não tinha celulares nem nós para monitoramentos. Vez em quando chegávamos machucados ou deixávamos alguém machucados, mas era normal. Aqueles que nos machucaram e os que machucamos são nossos melhores amigos. 
Uma coisa interessante eram as duplas que formávamos para juntar bolinhas. Independente de onde jogássemos, se eu ganhasse 20 e sócio ganhasse 30 no dia ou semana, colocávamos todas numa lata só e no final do ano dividíamos. As duplas não eram formadas por irmãos mas, as vezes, até por moradores de outra extremidade do local onde moravam. E não havia trapaças entre as duplas...tudo acaba. Até isso.
Por fim, sem vaidade, eu era um dos melhores numa turma de 200 que jogavam na pequena localidade de Campolide...não dói, não é só a saudade a brincadeira mas ver que quase não vemos mais meninos brincando assim. E como eram lindas as bolinhas, verdes, amarelas, azuis, brancas e cores mistas.  

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