quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Fossas e imprevisibilidade - Por Wilalba F. Souza



Este artigo é do meu amigo Coronel Wilalba. Uma das pessoas mais sensatas e coerentes que  já conheci. E como escreve bem o Danado!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Wilalba F. Souza                                                                        27/jan/2016

Já tive oportunidade de contar, para pessoas mais jovens, sobre as dificuldades que os funcionários públicos, há anos passados, tinham para receber seus salários e... em dia. Além de ganhar pouco, principalmente os policiais militares encontravam muitas dificuldades para criar os filhos, num tempo em que ser professor compensava  mais, pelo valor que lhe era dado pela comunidade. Os mestres possuíam “status” elevado e se destacavam por sua importante missão de educadores, num tempo em que as crianças respeitavam os mais velhos e as escolas. Ocorre que o Brasil cresceu desordenadamente e abandonou metas importantes que deveriam ter sido fortalecidas há décadas.

Lá pelos anos cinqüenta, até onde alcança minha memória, e no governo de Juscelino, as escolas públicas eram muito boas, maiores  preocupações dos dirigentes de modo geral. Professores, “recrutados”  e formados cuidadosamente, eram bem remunerados. Verdadeiros exemplos a serem seguidos. As famílias se orgulhavam de matricular as filhas nas “Escolas Normais”. Ter uma professora em casa constituía uma meta dos pais. Duas das minhas irmãs que fizeram isto já se aposentaram, mas pegaram um duro e decadente momento da educação. A atividade iniciou grave desvalorização a partir de seus salários que acabaram encolhidos de um meio século pra cá. O país se industrializou, as cidades cresceram desordenadamente, e as gritantes diferenças sociais fomentaram o surgimento dos bolsões urbanos de desigualdades, advindo a eclosão da  pobreza, de favelas e incremento da criminalidade.

Os integrantes da Polícia Militar mineira, experimentaram situação inversa, agravada a situação de segurança pública, de modo geral, após anos e anos, meio que desvalorizados pela sociedade que protegiam. A partir de 1.964, foram instados, por lei, a interferir com mais meios, técnicas e propriedade. Conquistaram, paulatinamente, suportes e vencimentos mais justos. E como foi rápido e desordenado o crescimento urbano que inverteu a lógica anterior, de índices criminais diminutos, embora a violência grassasse, pelo interior, via crimes contra a pessoa,  decorrente de intrigas, disputa de terras, de modo geral exercida por “pistoleiros”, a mando de fazendeiros e poderosos. No Vale do Rio Doce os policiais que se destacavam compunham os quadros de contingentes de captura, normalmente liderados por oficial. Quem, dos mais velhos, não se lembra do famoso “capitão Pedro Ferreira”, caçador de bandidos lá da região de Governador Valadares?
O abandono político da educação edo  saneamento básico, para citarmos apenas dois aspectos de nossa história, obrigou  mais investimentos em polícia que em escolas, professores e medicas básicas com a saúde, a começar pelo saneamento. Inverteram a equação de uma maneira complicada e  não sabemos aonde vai desaguar isto. Infelizmente! Nossos esgotos não são tratados até hoje, as escolas, salvo raras exceções, funcionam mal! Cada vez mais gastamos com o tratamento das doenças. Os hospitais estão entupidos, atendem mal e não dão conta, até nos grandes centros. Um absurdo  de desleixo. O nosso Brasil, por isto mesmo, está sendo abatido por males só observados nos países mais pobres do planeta, bastando, para isto, ver como o” Aedes egypti” anda detonando o povão por aí! E o pior, já vão investigar o pernilongo! Será que ele também está distribuindo Chicungunha?

Para agravar a situação, nossa economia vai de mal a pior. Uma recessão perigosa nos atinge a todos. Então, aquele governo federal que há poucos anos se gabava de ter dinheiro à vontade e desperdiçou o quanto pôde e não pôde, está claudicante e afetado pela integral falta de apoio no Congresso. Os governos estaduais e municipais também falidos,  a ponto de parar, literalmente, inclusive com atrasos no pagamento de salários dos servidores. E ninguém percebe que a fossa esgotou, definitivamente, e está “derramando pelo ladrão”, tal qual a lama da Samarco, que vai virar história, sem solução; como o drama da boate “Kiss”, que pegou fogo e vitimou mais de duzentas pessoas; como a dengue e a tal de Zika Virus que estão ganhando a guerra pelos altos índices de casos relatados. Assim, mesmo que o ano ainda não tenha começado, depois do carnaval a gente não deve ter muita esperança. Há uns três anos o Brasil só anda de marcha-ré! E nem precisa lembrar da lava-jato, do mensalão, das pedaladas e de outras mazelas que pipocam e pipocarão por aí! 







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