sábado, 31 de maio de 2014

MORRE O JORNALISTA MAURÍCIO TORRES

Morre o jornalista esportivo Mauricio Torres

Apresentador da Rede Record tinha 43 anos

POR 
Maurício Torres, jornalista da Record Foto: Divulgação / Rede Record
Maurício Torres, jornalista da Record - Divulgação / Rede Record

RIO - O jornalista Maurício Torres imaginava que seria repórter de política ou de cultura. Mas acabou fazendo carreira, e se consagrando, na narração de grandes eventos esportivos, como Copa do Mundo, Jogos Olímpicos e Pan-Americanos. O carioca começou a se destacar, na década de 1990, no Sistema Globo de Rádio e nos canais Globosat. Em 1996, entrou para a Rede Globo, onde além de fazer transmissões esportivas, apresentava o bloco esportivo do "Bom Dia Brasil", eventualmente o Globo Esporte - além do "Espaço Aberto Esporte, da Globo News.
Chegou à Record em 2005, para ser o seu primeiro nome na locução esportiva.
Em 2012, se juntou a Mylena Ciribelli e Cláudia Reis na apresentação do "Esporte Fantástico".
Ao receber o convite da Record, Torres não pensou duas vezes antes de mudar de emissora. Estava muito empolgado com os investimentos do canal. Além do caminho aberto para ser o narrador principal, pesou também a proposta financeira, muito superior à da Globo.
Tinha como ídolos Galvão Bueno e Luciano do Valle, e revelou que se não fosse jornalista, seria advogado.
Ele trabalhou na cobertura de grandes eventos esportivos, como Copa do Mundo, Jogos Olímpicos e Pan-Americanos.
Destaque para a cobertura dos Jogos Olímpicos de 1996 (Atlanta/EUA), 2000 (Sydney) e 2004 (Atenas), e dos Jogos Pan-Americanos de 1999 (Winnipeg/Canadá), 2003 (Santo Domingo/República Dominicana) e 2007 (Rio de Janeiro). Cobriu duas Copas do Mundo (França - 1998 e Coreia e Japão - 2002) e também narrou o Mundialito de Futebol de Areia de 1997 (Figueira da Foz/Portugal) e as decisões da Liga Mundial de Vôlei (2001 e 2003), além do Grand Slam de Judô 2009.
Em 2010, esteve em Vancouver, no Canadá, para a cobertura dos Jogos Olímpicos de Inverno, evento que a Record transmitiu com exclusividade. Em 2011 narrou os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara e participou da cobertura da emissora na Olimpíada de Londres, em 2012, como principal narrador da casa.
O narrador e apresentador esportivo Maurício Torres, 43 anos, morreu neste sábado (31), no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, por conta de uma infecção. Ele estava internado desde o dia 1° de maio, quando se sentiu mal durante um voo do Rio de Janeiro a São Paulo, onde faria gravações de "offs" para o "Esporte Fantástico", da Record, daquele fim de semana.
Após o desembarque, ele foi direto para o hospital Sírio-Libanês. Na época, foi constatado uma arritmia cardíaca – e não infarto.
Submetido a exames mais rigorosos, constatou-se a existência de uma infecção, que mesmo combatida a base de antibióticos, não regrediu agravando o seu estado.
Maurício deixa mulher e uma filha de oito anos. O sepultamento será no Rio de Janeiro.


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quarta-feira, 28 de maio de 2014

VÍRUS NO CELULAR: MITOS E VERDADES

  OS smartphones certamente parecem ser os alvos da vez no mundo dos vírus. Eles costumam conter muito mais informações pessoais do que nossos computadores, pois são objetos que normalmente não compartilhamos com ninguém e com os quais estamos ligados durante toda extensão do nosso dia. Atualmente, é muito mais provável que nossas senhas de bancos, nossa informação de cartão de crédito e outros dados importantes estejam armazenados em nossos smartphones, tornando-os alvos preferidos daqueles que criam malwares.
Apesar do aumento da presença destas ameaças, ainda existe muita desinformação sobre como elas funcionam e, mais importante, sobre como se proteger delas. Por isso, nós, aqui do TecMundo, decidimos escrever um artigo para esclarecer um pouco os mitos e verdades sobre os vírus para celular.

1. É muito fácil pegar um vírus para o seu celular

Podemos dizer que qualquer aparelho conectado à internet, seja ele o seu computador, o seu celular ou até mesmo estes eletrodomésticos que podem ser controlados via rede, está sujeito à ação de vírus. A diferença entre os sistemas também não é relevante: Android, iOS, Blackberry, Windows e os demais podem igualmente ser alvos de malware extremamente prejudiciais.
Apesar deste problema, não é tão fácil assim pegar um vírus para o seu celular, já que todos os sistemas são relativamente seguros. Definitivamente, seu smartphone só será infectado se você baixar e dar permissões amplas para um aplicativo suspeito, o que não é a situação mais simples do mundo.

2. Quais são as principais formas de ameaça?

A ameaça mais básica para o seu celular são malwares dedicados a roubar informação e se valer da sua identidade para mandar spams, comprar produtos, serviços e outros problemas semelhantes. Normalmente eles se disfarçam na forma de aplicativos úteis, versões gratuitas de softwares pagos com linhas de código alterada. Apesar disso, é muito raro que eles consigam passar o crivo das lojas oficiais como o Google Play e a App Store. As empresas responsáveis por estes sistemas dedicam muito tempo e esforço para manter sua oferta de aplicativos livres deste tipo de esquema, ainda que a Google tenha mais dificuldade neste front graças à natureza livre do seu OS.
Outros tipos de vírus que afetam celulares, ainda que sejam mais incomuns aqui no Brasil, são aqueles oriundos de SMS. Eles ocorrem quando você recebe uma mensagem com anexos, uma imagem ou outra coisa que precise ser aberta, e este arquivo em questão pode ser um tipo de malware. Mesmo quando você conhece quem enviou a mensagem, isso não torna o arquivo mais seguro, já que, uma vez dentro do seu aparelho, ele ganha acesso aos seus privilégios e sua lista de contatos, podendo enviar mensagens para todos os seus conhecidos.
As consequências destes ataques normalmente são contas de telefone bem mais infladas, já que você acaba enviando SMS para serviços Premium que cobram para responder e enviar mensagens para o seu aparelho. Por essa razão esse tipo de ataque é tão infrequente no Brasil.
Outras ameaças existem, como baseband hacking, processo no qual é possível escutar as suas ligações e outras ações similares, mas eles requerem um gigantesco conhecimento técnico, bem como uma torre falsa de recepção de sinal, e são tão raros e incomuns que não é necessário se preocupar com eles.

3. Como alguém pega um vírus no celular e como evitá-los?

Como já mencionamos, o primeiro passo é baixar um aplicativo ou abrir um arquivo desconhecido. É sempre importante ler as resenhas na loja antes de se comprometer com o download. Se você estiver em dúvida por causa de comentários controversos, não hesite em usar o Google e pesquisar um pouco a respeito do programa. Se não aparecer nenhum comentário particularmente negativo a respeito dele, sinta-se livre para baixá-lo.
Outra atitude importante para evitar dores de cabeça é verificar as permissões que os aplicativos lhe pedem quando baixados. Afinal, por que um wallpaper precisa conhecer sua lista de contatos? Sempre desconfie de apps que requerem coisas que não estão ligadas às funções que ele descreveu na loja.
A realidade é que a melhor forma de se proteger de malwares é sendo inteligente. Se você não instalar softwares crackeados e não oficiais, ou prestar atenção em tudo que você baixa, certamente não ocorrerá nada com o seu celular, e isso vale para qualquer sistema operacional.

4. Cuidado na hora de navegar

A internet das redes sociais é um prato cheio para URLs curtos que levam a sites mal-intencionados, spam, conteúdos duvidosos e até downloads de vírus. Desta maneira, assim como no seu computador, é importante tomar cuidado com os sites que você entra e especialmente com os links que você recebe.
A dica mais vital é: nunca aceite a instalação de executáveis e outros arquivos quando estiver em sites com que você não está familiarizado. Ainda que seja incomum que você pegue vírus para celular desta maneira, ela pode ocorrer também.

5. Androids são mais inseguros que iPhones

Apesar do que alguns dizem, o Android é uma das plataformas menos suscetíveis a vírus. Estima-se que menos de 0.001% das instalações de aplicativos são capazes de trespassar a segurança da Google. 
Os poucos aplicativos maldosos que passam pelo crivo da empresa precisam romper uma série de barreiras até causar mal ao seu sistema. Primeiramente, o Android não lhe deixa instalar aplicativos dos quais não se sabe a procedência, uma opção previamente marcada e que impede a entrada de qualquer software maldoso no seu sistema. Se você ultrapassar esta segurança, ainda existem mais outras cinco precauções até ele ter acesso ao seu OS, como a verificação das permissões, a checagem de segurança de runtime etc.
Esta fama de inseguro do Android se dá por sua liberdade. Qualquer um pode colocar um App na Playstore, enquanto a App Store deixa este privilégio reservado apenas para a própria Apple, que avalia caso por caso antes que alguma coisa entre. Apesar disso, existe uma ideia extremamente errada de que o iPhone é imune a vírus e malwares. Apesar do controle sobre os aplicativos, frequentemente descobrimos falhas de segurança no sistema operacional da Apple.
A Symantec, uma das maiores empresas de segurança na web, escreveu um relatório reportando que encontrou cerca de 387 falhas de segurança no iOS; para o Android, o número de erros que eles encontraram foi de apenas 13. Outros métodos, como o Jailbreaking, que libertam o iPhone do monopólio da Apple, permitindo o acesso a outras lojas, o tornam ainda mais vulnerável do que o Android a aplicativos maldosos. Estima-se só na primeira semana do Evasion (programa de jailbreak) que mais de 7 milhões de usuários tenham feito uso dele, mostrando a força deste tipo de recurso na plataforma da Apple.

6. O vírus de celular pode se espalhar pelo ar

A não ser que falemos sobre redes de WiFi compartilhadas, ou que é possível baixar malwares a partir da sua conexão 3G, é praticamente impossível pegar um vírus pelo ar. A única possibilidade, como já mencionamos, seria se alguém montasse uma antena pirata e soubesse passar todos os firmwares de seu sistema. Ainda que casos como esse tenham aparecido nos Estado Unidos, eles são tão raros que nem entram em estatísticas.

7. Um vírus pode estragar ou queimar o celular?

A priori, um vírus de software nunca vai afetar o hardware do seu celular. No entanto, em raras ocasiões, ele pode danificar permanentemente o seu sistema, transformando o seu aparelho em um peso de papel elegante. Apesar disso, estes casos são extremamente raros e a maioria dos vírus hoje em dia deseja roubar informação ou replicar uma ação lucrativa para o hacker. Ninguém ganha nada simplesmente destruindo o sistema de um celular, por isso esse tipo de vírus é extremamente incomum.

8. Um vírus pode fazer seu celular drenar a bateria?

Certamente a presença de um vírus poderá afetar drasticamente a bateria do seu celular. Isso ocorre por que ele precisa utilizar sua memória e o seu processador para funcionar, efetivamente agindo como qualquer outro processo dentro do seu celular. Quanto mais processos você tem abertos, mais bateria você gasta, e, quanto mais eles exigirem de você, mais rápido sua bateria será drenada.
Por essa razão, é possível dizer que isto não é um mito, ainda que não necessariamente um vírus vá gastar muito mais da sua bateria do que normalmente já é utilizado.

9. A maioria dos antivírus não funciona

Infelizmente esta informação não se trata de um mito. Todo este medo em torno dos vírus para celular criou um mercado muito grande para empresas dispostas a vender softwares prometendo proteção fácil para seus clientes.
Um antivírus de verdade não pode ser produzido para os atuais sistemas operacionais dado os SDK (software development kits) e tipos de permissão e acesso para as empresas desenvolvedoras. Para detectar e acabar com vírus reais, um software precisaria ser rodado como um processo root no sistema, algo que simplesmente não é possível no Android e no iOS. No máximo estes programas funcionam como verificadores de assinatura, que monitoram os pacotes instalados de maneira atenta para qualquer erro de código ou linha suspeita.
Mesmo empresas tradicionais, como a Norton, sofrem com “antivírus” que instalam dezenas de apps desnecessários e que não ajudam muito, por isso na maioria das vezes é melhor evitar a instalação deste tipo de aplicativo.

10. Alguns apps de defesa realmente ajudam

Nem todas as empresas são mal-intencionadas neste campo da segurança de celulares. Alguns aplicativos leves e gratuitos, como o 360 Mobile Security e o Avast, se focam naquilo que é mais importante: buscar códigos maliciosos, ficar atento a brechas no sistema operacional e, o mais importante, fazer com que o seu celular funcione de forma mais otimizada.
Estes softwares vão escanear aplicativos antes de você baixá-los, vão verificar os diferentes URLs acessados pelo seu browser e no geral funcionam como um muro preventivo para que seu sistema não seja atacado. Na hora de escolher um bom software de proteção, faça o mesmo que recomendamos quando você tiver interesse por um app suspeito e pesquise intensamente sobre ele. Leia as resenhas na loja, depois vá ao Google e veja opiniões mais completas dos diferentes usuários.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Manifestação gera tumulto em frente ao Fórum de Montes Claros - Agridem Juiz.


Cerca de 300 pessoas participaram de caminhada pelas ruas da cidade. 
Moradores pedem liminar para garantir permanência no Santa Cruz.

Nicole Melhado e Valdivan VelosoDo G1 Grande Minas
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Manifestantes caminharam até o Fórum de Montes Claros. (Foto: Guilherme Quaresma / Prefeitura de Montes Claros.)Manifestantes caminharam até o Fórum de Montes Claros. (Foto: Guilherme Quaresma / Prefeitura de Montes Claros.)
Cerca de 300 pessoas participam de uma manifestação que seguiu por ruas e avenidas de Montes Claros no fim da manhã desta terça-feira (27), e chegou até o Fórum da cidade.

Os manifestantes reivindicam a permanência de moradores no chamado agrupamento Santa Cruz. Segundo eles, existem famílias que já estão há mais de 15 anos no local.

Uma liminar foi expedida em fevereiro deste ano ordenando a saída dos moradores do terreno.
Os moradores querem que um juiz assine uma nova liminar suspendendo esta decisão.
Na entrada do Fórum, no início desta tarde, houve um tumulto quando o juiz Francisco Lacerda deu voz de prisão para um dos manifestantes, que reagiram agredindo o magistrado e um policial.

O magistrado tentou proteger o policial que chegou a sacar uma arma, mas não efetuou nenhum disparo.
"Estou com o olho vermelho. No momento em que fui realizar a prisão a pedido do juiz, fui agredido", afirma o cabo Arlen Cardoso.

Os manifestantes, por sua vez, negam a agressão contra o policial. "A agressão não partiu da parte dos manifestantes. Tudo que nós não queremos é que alguém saia ferido", diz Iasmin Chequer.
A tropa de choque foi chamada para o local.

O Brasil na Idade Média: aqui, ainda caçamos as bruxas


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Mesmo no século XXI, caçar bruxas ainda faz parte da tradição de uma cultura medieval presente no Brasil.
Primeiro, dezenas, depois centenas... O agrupamento, movido pelo espírito faminto do ódio, clama pela vingança coletiva mediante a imolação de seu alvo: uma bruxa, conhecida na comunidade por sequestrar menores para fins de amolação em rituais macabros. As evidências do obscurantismo eram incontestáveis: a mulher fora flagrada oferendo uma fruta a uma jovem criança – indícios que a “doutrina mais abalizada” indicam como a configuração da bruxaria (vide DE NEVE, Branca e outros sete. [s.d]). E como se esquecer da prova testemunhal (alguém que ouviu de fulano o que beltrano achava ter visto sicrano dizer)! O julgamento foi imediato. A pena máxima.
Embora a situação rememore ao período medieval europeu, o caso de linchamento da cidadã Fabiane, confundida com uma bruxa, deu-se no Brasil, país que vive na Idade das Trevas quando o tema é violência. Mas o que desencadeia uma multidão enfurecer-se a pretexto de caçar uma bruxa?
Há quem aponte para a mídia. Afinal, foi por meio de uma página virtual em rede social que se proliferou o boato de que uma mulher estivesse colhendo crianças nas ruas para fins macabros.
A dita página, porém, é apenas mais um fruto podre da banalização da violência arvorada na esfera midiática do mundo atual. Mais do que uma matéria informativa, a violência se tornou um chamariz de audiência para os veículos de comunicação[1], os quais já perceberam os múltiplos poderes domechandising da agressão humana. O primeiro deles é o caráter epidêmico da notícia passada[2]. Publicam-se os índices de crimes, comparam-se aos já mostrados anteriores e a conclusão, embora mostrada sob todos os rubores do espanto jornalístico, é a mesma sempre arrematada: a sociedade vive em um interminável caos típico de uma guerra civil e tal tessitura traz apenas duas alternativas: enclausurar-se em casa por medo do exterior ou agir para mudar a situação.
Consequentemente, instaura-se a tensão social de insegurança, associada à sensação da impunidade pela ausência do aparelho estatal. Funciona assim: alguém ouve uma notícia, transmite para outro e, como um viral, todos tem acesso a uma informação cuja discussão sobre sua veracidade é o que menos interessa Fatalmente, resvala-se na necessidade de fazer algo. Algo o quê? Isso a mídia responde com o recurso de mais um de seus poderes: a incitação. Partindo-se da premissa de que o Estado é ausente, e quando presente é omisso, a sociedade é orientada a assumir o “papel heroico” de se defender na legítima proporção da ofensa, isto é, retribuir a violência.
Paradoxalmente aos anseios de combate a criminalidade, o que se verifica é um banditismo social, onde aqueles que pensam vestir o uniforme do heroísmo no combate contra o mal, encarnam em suas atitudes um mal maior em relação ao supostamente combatido. O lendário Sócrates já afirmava[3]: revidar o mal com o mal é sempre uma conduta injusta e igualmente reprovável.
Depois do incidente de Fabiane, é comum também vermos opiniões apontando a ausência do Estado como fator causal do incidente. Ledo engano. O impacto da mídia neste caso, assim como em outros, deu-se porque houve espaço (a semente não fecunda em solo que não seja fértil). E a primeira falha está justamente na cultura de responsabilização alheia. Na sociedade atual, pautada pela hegemonia da autoproclamação de valores e cultismo à vaidade, procurar uma solução é examinar um objeto, sem jamais refletir sobre a ação do examinador no contexto pesquisado. O problema reside lá fora, é exógeno em relação à participação do espectador, de modo a tornar a autorreflexão incogitável. É sempre o outro o criminoso, a bruxa, quem não é digno de direitos...
No assunto da violência, não é diferente. Segundo Cardoso (1987, pp. 05-06) “o discurso sobre a violência opera um distanciamento entre quem fala e os ‘outros’, os bandidos”, havendo uma distinção entre criminosos e homens de bem, “estes caracterizados por qualidades morais referendadas pelo conjunto da sociedade” Assim, “o pobre mau, o pobre bandido, tem que ser punido. Porque esse não sou eu. Esse são os outros”.
Dessa lógica do “Eu” em detrimento do “Ele”, nasce uma ideia de que para a defesa dos próprios direitos vale tudo, até atropelar o direito alheio. A crença na bruxa, portanto, não é (e talvez nunca fora) mera ignorância, mas fruto de uma necessidade particular de personificar os males da sociedade e expiá-lo com o sofrimento que não ousamos autoimpingir.
Assim, é de se esperar que tantos sirvam de massa de manobra a perpetrar a mesma violência a qual dizem abalar a segurança pessoal, afinal, falta ao cidadão a consciência de que sua inserção social lhe exige enxergar no outro a si mesmo, partilhando aos seus pares as mesmas garantias. Como ensina Carnelutti (2009, p.10), “somente quando chegarmos a dizer, sinceramente, eu sou como este, então seremos verdadeiramente dignos de civilização”. Nesse dia, cada caçador se reconhecerá na sua caça e a temporada estará permanentemente fechada.

REFERÊNCIAS

CARDOSO, Rute Corrêa Leite. A violência dos outros. Ciência hoje, v. 5, n. 28, 1987, suplemento.
CARNELUTTI, Francesco. As misérias do Processo Penal. Tradução: Carlos Eduardo Trevelin Millan. São Paulo: Pillares, 2009, p.10.
MICHAUD, Yves. A violência. Trad. L. Garcia. São Paulo: Editora Ática, 1989.
PLATÃO. Críton. In: Diálogos, da coleção Clássicos. São Paulo: Cultrix, [19--]. Disponível em: <http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/criton.pdf>. Acesso em 14 mai. 2014.
SHECAIRA, Sérgio Salomão. JUNIOR, Alceu Corrêa. Teoria da Pena. Finalidades, direito positivo, jurisprudência e outros estudos de ciência criminal. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002.

[1] “(...) textos e imagens, fotos e vídeos, depoimentos e closes revelam a crueza dos acontecimentos-corpos mutilados, nus, des?gurados; vidas devassadas sem qualquer pudor ou respeito pela privacidade (...). Sentimentos intensos e ocultos como a agressividade, os preconceitos sociais, raciais e morais e, principalmente, o medo ganham vida própria no grande espetáculo”. (SHECAIRA, 2002, p. 378).
[2] Segundo Michaud, “como revelam pesquisas, poucas pessoas que afirmam sentir um aumento da insegurança foram elas próprias agredidas ou espancadas, mas ouviram falar de tal caso ou do que aconteceu em tal lugar. O que conta não é a realidade vivida, mas o que ficamos sabendo e o que a mídia deixa ver”.
[3] Sócrates- Logo, jamais se deve proceder contra a justiça.
Critão- Jamais, por certo.
Sócrates- Nem mesmo retribuir a injustiça com a injustiça, como pensa a multidão, pois o procedimento injusto é sempre inadmissível.
Critão- Parece que não.
Sócrates- E daí? Devemos praticar maldades ou não, Critão?
Critão- Não devemos, sem dúvida, Sócrates.
Sócrates- Adiante. Retribuir o mal que nos fazem é justo, como diz a multidão, ou injusto?
Critão- Absolutamente injusto.
Sócrates- Sim, porque entre fazer mal a uma pessoa e cometer uma injustiça, não há diferença nenhuma.
Platão [19--]. Acesso em 14 mai. 2014.


Leia mais: http://jus.com.br/artigos/28880/o-brasil-na-idade-media-aqui-ainda-cacamos-as-bruxas#ixzz32wNhbhY3

A matemática não foi feita para chatear ninguém


Pode ser divertido estudar Matemática. Essa afirmação , no entanto, parece não ser verdade para minha grande amigas Inês , a editora de SUPERINTERESSANTE, que com muita competência , todo mês coloca meus artigos no tamanho e não raro reclama de alguma construção que fiz de maneira enviesada , sugerindo uma versão mais clara. Apesar de sua maneira objetiva, sua capacidade de entendimento e seu raciocínio ágil ela não esconde seu desconforto ao trata de assuntos que parecem ter saído de um livro ou de uma aula de Matemática. Por que será que pessoas inteligentes, de raciocínio claro e dinâmico muitas vezes apresentam quase aversão a uma ciência tão bonita? 

A resposta não é simples, mas existem alguns indicadores. Durante uma de minhas aulas no curso de pós-graduação , um aluno me contou que fora visitar uma sobrinha , mas não pôde brincar com ela, pois a menina estava às voltas com a lição de Matemática e nisso levou nada menos de cinco horas. A tão complicada tarefa consistia em escrever por extenso todo os números inteiros de 1 500 a 2 000. Seguramente, a professora dessa infeliz criança imagina que o tempo dar repressão vai voltar e já prepara seus alunos submetendo-os a um verdadeiro “pau-de-arara matemático”. 

Se tal tarefa reflete o dia-a-dia escola da menina, e não se trata de um episódio infeliz ou isolado , quando ela for adulta, dificilmente vai tolerar algo que a faça lembra-se da Matemática. 

No mesmo dia em que esse caso me foi relatado outro de meus alunos me pediu que eu o ajudasse a produzir uma matéria sobre o problemas lógicos. Sugeri o conhecido problema da porta do céu: ao morrer, os homens são levados a uma grande sala com duas portas idênticas. Uma é a entrada do céu e a outra é a do inferno. Dois anjos estão postados no balcão da eternidade e sabe-se que um deles responde invariavelmente com a verdade e o outro, com a mentira. Como determina a porta correta, se só se pode fazer uma única pergunta a um e só um dos anjo? 

Enquanto discutíamos as questão , outra aluna aproximou-se timidamente e disse que no filme Labirinto, estrelado pelo cantor David Bowie, havia uma versão desse problema: as portas que a jovem heroína tinha de atravessar, para tentar resgatar o irmãozinho seqüestrado, possuíam fechaduras falantes e , como no problema dos anjos só uma delas respondia com verdades. 

Não assisti ao filme, mas fico me perguntando qual a razão que faz com que os formuladores dos currículos escolares dêem tão pouco valor aos jogos, quebra-cabeça e divertimentos matemáticos. 

A historia registra inúmeros exemplos de quebra-cabeça que geraram importantes pesquisas de matemática. Entre os vários cientistas que se preocuparam com problemas , sem se descartarem das preocupações com intricados problemas científicos, estava o físico alemão Albert Einstein. Sua estante era repleta de obras de Matemática recreativa. Não é a toa que muitos definem ciência como o esforço sistemático em obter resposta cada vez melhor para os quebra-cabeças que a natureza nos impõe. 

Se esse modo de enxergar a ciência é pelo menos aceitável e se um dos objetivos da escola é sociedade os cientistas com os quais ela vai contar para resolver seus problemas futuro, não seria desejável que se estimulassem os jovens? Não estou defendendo uma educação meramente utilitarista,embora sejam cada vez mais freqüentes nas escolas perguntas do tipo “para que serve?”Ou “onde se aplica tal teoria ?” Por trás disso parece estar a idéia de que ser uma fonte de felicidade, que seja então um estoque de utilidades. 

Pode-se aprender, pesquisar, produzir, trabalhar com disciplina e ética e conseguir ser feliz com tudo isso. Mas, para tanto, é preciso reinventar a pedagogia do prazer. Eficiência não é nem nunca foi , resultado da intolerância e do autoritarismo . Se você esta entre aquelas que não dormem até encontrar a solução das curiosidades com que se deparam , tente resolver o problema da porta do céu. É simples. 

Escolha uma das portas e diga o seguinte a um dos anjos no balcão:seu perguntar ao seu colega ( o outro anjo) se a porta que apontei é a do céu, ele respondera sim ou não? Raciocine e verifique que se você apontar porta do céu , qualquer dos anjos dirá não . E se apontar o inferno, ouvirá um sim.


Luiz Barco é professor da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. 

Deveríamos parar de comer carne?


Câncer, doenças cardíacas, crueldade com os animais, matança de semelhantes, desastre ecológico... Afinal, será que você deveria virar um vegetariano?

por Denis Russo Burgierman / Alceu Nunes

Comer não é só uma questão de matar a fome. A decisão sobre que comida colocar no prato tem implicações econômicas, ambientais, éticas, culturais, fisiológicas, filosóficas, históricas, religiosas. Embora a porcentagem de vegetarianos venha se mantendo mais ou menos estável ao longo da história, há um interesse crescente no assunto – restaurantes naturais e vegetarianos ficam lotados na hora do almoço, tornou-se comum, pelo menos nas classes médias urbanas, a preocupação em reduzir o consumo de carne, e surgiu uma indústria bilionária de produtos naturais que, nos Estados Unidos, já movimenta quase 8 bilhões de dólares.
Esta reportagem não ensina você a comer. Felizmente, essa ainda é uma decisão pessoal, que depende apenas do seu julgamento sobre o que é certo e o que é errado e – não menos importante – do seu gosto. O que essa matéria faz é tentar ajudar na decisão com o máximo possível de informação insuspeita sobre cada um dos muitos aspectos envolvidos nessa importante decisão. Se você, depois de terminá-la, vai devorar um brócolis ou um cheeseburger, já não é assunto nosso. Só esperamos que, terminado o texto, ao decidir o que comer você saiba o que está fazendo e o que isso implica.
O que é a carne?
A faca desce macia, cortando sem esforço o pedaço de picanha. Dourada e crocante nas bordas, tenra e úmida no centro. Você põe a carne na boca e mastiga devagar, sentindo o tempero, a maciez, a temperatura. O sumo que escorre dela enche a boca e, com ele, o sabor incomparável. Carne é bom.
Mas que tal assistir à mesma cena sob outra perspectiva? No prato jaz um pedaço de músculo, amputado da região pélvica de um animal bem maior que você. Com a faca, você serra os feixes musculares. A seguir, coloca o tecido morto na boca e começa a dilacerá-lo com os dentes. As fibras musculares, células compridas – de até 4 centímetros – e resistentes, são picadas em pedaços. Na sua boca, a água (que ocupa até 75% da célula) se espalha, carregando organelas celulares e todas as vitaminas, os minerais e a abundante gordura que tornavam o músculo capaz de realizar suas funções, inclusive a de se contrair. Sim, meu caro, por mais que você odeie pensar que a comida no seu prato tenha sido um animal um dia, você está comendo um cadáver.
Carne é tecido animal, em geral muscular. As fibras que a compõe são feixes de células musculares, enroladas umas nas outras. Em volta delas há uma cobertura de gordura, cuja função é lubrificar o músculo e permitir que ele relaxe e se contraia suavemente. Ou seja, não há carne sem gordura.
A diferença entre carne branca e vermelha é a quantidade de ferro no tecido – o mesmo mineral que dá cor ao sangue. As células de animais grandes, como o boi, são ricas de uma molécula chamada mioglobina, que contém ferro. Peixes e galinhas, por terem o corpo menor, não precisam de reservas tão grandes de nutrientes nas células e, por isso, têm menos mioglobina. Animais mais velhos têm carne mais vermelha – isso explica a brancura do frango industrializado, abatido antes dos dois meses, se comparado à galinha caipira. Essa última tem mais tempo para acumular mioglobina nas células.

Números, números, números
Há no mundo 1,35 bilhão de bois e vacas. Criamos 930 milhões de porcos, 1,7 bilhão de ovelhas e cabras, 1,4 bilhão de patos, gansos e perus, 170 milhões de búfalos. Some todos eles e temos uma população de animais quase equivalente à humana dedicando sua vida a nos alimentar – involuntariamente, é claro. E isso porque ainda não incluímos na conta a população de frangos e galinhas abastecendo a Terra de ovos e carne branca: 14,85 bilhões.
Só no Brasil há 172 milhões de cabeças de gado bovino – uma para cada cabeça humana. Nosso rebanho bovino só é menor que o da Índia, onde é proibido matar vacas. Na média, um brasileiro come perto de 40 quilos de carne bovina por ano – ou seja, uma família de cinco pessoas devora uma vaca em 12 meses. Somos o quarto país do mundo onde mais se come carne bovina (veja quadro na página 44). Um brasileiro médio come também 32 quilos de frango e 11 quilos de porco todo ano.

Todos os tipos de vegetarianos
Vegetarianos não são todos iguais. Conheça as diferenças.

Ovolactovegetarianos
Não comem carne de nenhum tipo, mas consomem ovos, leite e derivados. Em geral, quando alguém diz que é “vegetariano”, é essa dieta que ele segue.

Lactovegetarianos
Provavelmente o mais numeroso dos grupos, já que essa dieta é predominante no sul da Índia – por razões religiosas. Nada de carne, mas leite e derivados estão liberados. O ovo é terminantemente proibido, por conter a “vibração da vida”.

Vegans
Não consomem nada de origem animal: carne, ovos, leite, mel. Roupas de couro, lã e seda também estão proibidas.

Semivegetarianos
Aquelas pessoas que afirmam ser vegetarianas, mas abrem exceções para peixes ou aves. São vistos com desdém pelos outros grupos. A principal razão para essa dieta, que recusa só a carne vermelha, é o cuidado com a saúde.

Macrobióticos
Dieta tradicional japonesa, que pode ser vegan, ovolactovegetariana ou incluir peixe. Há várias restrições – a dieta acompanha as estações do ano, o cardápio tem que incluir uma árvore toda, da semente ao fruto. Como foi elaborada no Japão, a macrobiótica não contempla a realidade brasileira (as estações do ano, por exemplo, são diferentes aqui). Isso pode levar a deficiências alimentares.

Crudivorismo
Só comem vegetais crus. É preciso cuidado com essa dieta, porque ela exclui os grãos, que são as melhores fontes de proteína e ferro dos vegetarianos. Há risco de desnutrição.

Frugivorismo
Os frugivoristas não só rejeitam carne, como evitam machucar ou matar vegetais. Por isso, comem apenas aquilo que as plantas “querem” que seja comido: frutas e castanhas. Consideram o consumo de folhas, caules e raízes uma violência. A dieta não é das mais saudáveis, já que é pobre em proteínas e em minerais.

Carne faz mal?
Quem come mais carne – especialmente carne vermelha – tem índices maiores de câncer e de enfarte, as duas principais causas de morte do planeta. É o que dizem as estatísticas. Carne faz mal, então? Não é tão simples.
Nos últimos 30 anos, as autoridades dos Estados Unidos vêm aconselhando os americanos a diminuir a ingestão de carne vermelha e manteiga por causa de suspeitas de que a gordura saturada presente em grande quantidade nesses alimentos aumenta a taxa de colesterol e, com isso, causa ataques cardíacos. O conselho virou norma no mundo todo – a Organização Mundial da Saúde e vários governos adotaram a política de reduzir a gordura saturada. Tudo muito bom, só que tem algumas peças que, mesmo após três décadas de pesquisas, continuam não se encaixando no quebra-cabeças.
Uma delas é a Europa mediterrânea. Lá, desde que terminaram os rigores da Segunda Guerra, o consumo de carne vermelha tem aumentado. Pois bem: a taxa de doenças cardíacas diminuiu no mesmo período. E a França? O país da pâtisserie, fã ardoroso das carnes vermelhas de todo tipo, onde qualquer almoço começa refogando o que quer que seja em manteiga derretida, tem uma das mais baixas taxas de mortes por ataque cardíaco do mundo.
No ano passado, Gary Taubes, correspondente da revista americana Science e um dos principais escritores de ciência do mundo, escreveu um longo artigo no qual classificava o medo da gordura saturada como “dogma”. Taubes afirma que, mesmo com tanta pesquisa, não há prova de que gordura saturada e enfartes estão ligados. E vai além: diz que a propaganda do governo só serviu para fazer com que os americanos comessem mais – ao evitar a gordura, eles acabavam ingerindo mais carboidratos, mais açúcar, para manter a quantidade diária de calorias (o corpo tende a reclamar quando as calorias são insuficientes para saciá-lo – isso se chama fome). Resultado: o índice de obesidade passou de 14% para 22% no país. E obesidade, sabidamente, é um sério fator de risco para doenças cardíacas.
A maior parte do mundo médico ainda acredita na malignidade da carne vermelha e da manteiga. (“Não tenho dúvidas da relação entre gordura saturada e doenças cardiovasculares”, afirma o nutricionista argentino Cecílio Morón, oficial da agência da ONU que cuida de alimentação, a FAO. Denise Coutinho, que coordena a política de nutrição do governo brasileiro, repetiu quase as mesmas palavras.) Mas o artigo de Taubes serviu para mostrar que nutrição não é baseada numa relação simples de causa e conseqüência, tipo “mais carne, mais ataques cardíacos”.
Mas, afinal, o que sobra da discussão? Dietas de países gelados como a Escócia e a Finlândia, onde o único vegetal consumido em quantidade é o tabaco, estão equivocadas. Os altos índices de ataques cardíacos por lá são prova incontestável. Mas os franceses, e os mediterrâneos em geral, devem estar fazendo alguma coisa certa. Sua dieta é variada e rica em vegetais frescos, azeite de oliva (tido como redutor de colesterol), vinho e carne de todos os tipos. Ao contrário dos americanos, esses povos comem com calma, em ambientes descontraídos. O que os está salvando dos ataques cardíacos? Os legumes, o azeite, o vinho, a conversa mole depois do almoço, a brisa marinha? Ninguém sabe ao certo. Provavelmente é uma conjunção de todos esses fatores.
O raciocínio vale em parte para o câncer também. Os comedores de carne morrem mais de câncer de intestino, boca, faringe, estômago, seio e próstata. Ainda assim, o elo entre carne e câncer é meio frouxo. Tudo indica que, se é que a carne aumenta mesmo a incidência de câncer, sua influência é bem pequena – um fator entre muitos.
Agora, de uma coisa ninguém tem dúvidas: vegetais fazem bem. Uma dieta rica em frutas, legumes e verduras claramente reduz as chances de ter câncer no esôfago, na boca, no estômago, no intestino, no reto, no pulmão, na próstata e na laringe, além de afastar os ataques cardíacos. Frutas e legumes amarelos têm caroteno, que previne câncer no estômago; a soja possui isoflavona, que diminui a incidência de câncer de mama e osteoporose; o alho tem alicina, que fortalece o sistema imunológico; e por aí vai – essa lista poderia ocupar o resto da revista. Em resumo: não está bem claro se a carne faz mal. Muito bem, pelo jeito, não faz. Mas, para ser saudável, o importante é ter uma dieta rica e variada de vegetais. Seja ela vegetariana ou não.

Dá para viver sem carne?
Dá. O vegetarianismo exige cuidados e conhecimentos de nutrição, mas com certeza pode-se ter uma dieta saudável sem carne. Aliás, o fato de exigir cuidados a faz mais saudável. Um vegetariano tende a prestar mais atenção no que come e nos efeitos disso sobre seu corpo. E isso, em si, já é um hábito salutar. Muitos nutricionistas afirmam que as crianças não devem, de maneira nenhuma, ficar sem proteína animal, sob risco de terem o desenvolvimento cerebral prejudicado. Essa regra deve ser seguida a não ser que os pais saibam muito bem o que estão fazendo, conheçam as propriedades de cada alimento e – não menos importante – que a criança queira.
Os ovolactovegetarianos não têm problemas com proteínas porque os derivados de animais são tão protéicos quanto a carne. O perigo é que leite e ovos são pobres em minerais, especialmente ferro, que é fundamental para a saúde – ele é usado para construir a hemoglobina, uma molécula cuja função é carregar o oxigênio do pulmão para as células. Sem ferro, portanto, as células podem morrer. Isso é a anemia.
Ou seja, ovolactovegetarianos não podem basear sua dieta no leite, nos ovos e nos queijos, sob risco de ficarem sem nutrientes valiosos. É preciso comer muitos e variados vegetais, em especial soja, feijão, brócolis, couve, espinafre – todos ricos em ferro. A quantidade é fundamental, porque o ferro dos vegetais é menos absorvido pelo corpo que o de origem animal. Uma boa dica é acompanhar as refeições com suco de laranja, já que a vitamina C ajuda na absorção do ferro. Outra fonte de ferro é a casca de grãos como o arroz e o trigo. Por isso, eles devem ser sempre integrais. Denise Coutinho, responsável pela política nutricional do governo federal, adiantou à Super que está em estudo uma medida para tornar a fortificação com ferro obrigatória nas farinhas de trigo e de milho. A medida, que visa combater a desnutrição, vai acabar ajudando a vida dos vegetarianos.
Já para os vegans, a palavrinha mágica é “soja”. Se você não gosta desse grão ou é alérgico a ele, virar vegan vai ser bem mais penoso. A questão é a seguinte: suprir suas necessidades protéicas com carne é fácil. “Afinal, você é feito de carne”, diz Pedro de Felício, especialista em produtos de origem animal da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Um bife tem a mesma composição que os músculos do seu corpo. As proteínas das quais ele é feito são, também, iguais às suas, feitas com os mesmos aminoácidos. Portanto, contêm tudo o que você precisa.
Proteínas vegetais são mais simples. Elas não contêm todos os componentes necessários. A soja, entre os vegetais, é o que tem as proteínas mais completas. Há outras fontes de proteína, como o feijão, mas, se você não come soja, vai precisar de grandes quantidades e de muita variedade de vegetais para juntar todos os aminoácidos de que precisa. “Desde que sigam essa regra, os vegans tendem a ter uma dieta até mais equilibrada que os ovolactovegetarianos, já que não ocupam lugar no estômago com ovos e leite, que são pobres em vários nutrientes”, diz o nutricionista vegan George Guimarães.
Uma questão para os vegans é a vitamina B12, que o corpo não produz e não existe em vegetais. A B12 é fabricada por bactérias e pode ser encontrada nos animais (que comem bactérias ao ciscar ou pastar). Mas suprir as necessidades de B12 é fácil: qualquer biscoito ou cereal com a palavra “fortificado” no rótulo contém a vitamina. Ela também é vendida em cápsulas.

Samos vegetarianos por natureza?
Não. “O homem tem dentes pequenos e sistema digestivo curto, características de onívoros”, afirma o antropólogo físico Walter Neves, da Universidade de São Paulo, maior especialista brasileiro em homens pré-históricos. Ou seja, nosso organismo está preparado para comer de tudo, inclusive carne. Somos como o chimpanzé, que, além de plantas, cata insetos, lagartos e roedores. E diferentes do gorila, que só come plantas e, para isso, tem dentes molares imensos e uma barriga enorme (se você também tem uma, por favor não tome isso como uma comparação). Os dentes grandes servem para criar mais área de mastigação e, assim, triturar melhor as folhas e tirar delas os escassos nutrientes. A barriga abriga o intestino e o estômago, que são bem maiores para dar mais tempo ao organismo de absorver o que interessa.
Walter afirma que, num passado longínquo, nos alimentávamos como chimpanzés. Mas há 2,5 milhões de anos nossa dieta mudou. Começamos a fabricar instrumentos de pedra e as novas armas permitiram que incluíssemos no cardápio a carne de grandes mamíferos. Assim, nossa ingestão de proteína animal aumentou demais. “Sem isso, não teríamos desenvolvido um cérebro grande”, diz Walter. O aumento súbito de proteína na dieta permitiu que nosso corpo investisse mais recursos no sistema nervoso. Hoje, de 30% a 40% de tudo o que comemos vira combustível para fazer o cérebro funcionar. Sem o aumento na ingestão de carne, isso jamais seria possível.
Mas, na mesma época, surgiu um gênero de humanídeos estritamente vegetarianos. Conhecidos como Paranthropus, eles tinham grandes molares, eram barrigudos e não comiam animais de nenhuma espécie, nem insetos. Esses humanos vegetarianos conviviam com os humanos caçadores – há um lago no Quênia onde foram encontradas ossadas das duas espécies, com aproximadamente a mesma idade, a poucos quilômetros de distância.
O Paranthropus se extinguiu há 1,2 milhão de anos, provavelmente porque sua dieta mais restritiva o atrapalhou na competição com nossos ancestrais generalistas. Nossos primos vegetarianos deviam ser muito menos espertos que seus contemporâneos Homo, como atesta o tamanho de seu cérebro. “Eles investiram os recursos do organismo em dentes, os Homo investiram no cérebro”, diz Walter.
Quer dizer que precisamos comer carne para raciocinar? Não. Há 2,5 milhões de anos era assim porque não sabíamos plantar e nossa dieta quase não incluía plantas protéicas. Os únicos vegetais que comíamos eram frutas, folhas e raízes. Hoje, é possível ter uma dieta rica em proteínas sem carne.

Vaca, a onipresente
Há quem diga que o problema de comer carne é moral: não teríamos o direito de matar para comer. Mas, se você acha que basta parar de comer carne para acabar com a matança, está enganado. Há muito mais produtos no mercado que incluem animais mortos do que imagina a nossa vã filosofia.
Para começar, boa parte da indústria de vestuário depende de animais. O couro, você sabe, é a pele de bichos abatidos. Para separar o fio de seda, é preciso ferver o bicho-da-seda. Além disoo, filmes fotográficos e de cinema são recobertos por uma gelatina, retirada da canela da vaca. Ou seja, um vegan radical só tira fotos digitais. Dos pés bovinos saem também substâncias usadas na espuma dos extintores de incêndio. O sangue bovino rende um fixador para tinturas e a gordura acaba em pneus, plásticos, detergentes, velas e no PVC. Cremes de barbear, xampus, cosméticos e dinamite derivam da glicerina, substância que contém gordura bovina. A quantidade de medicamentos feitos com pedaços de gado, do pâncreas ao cordão umbilical, passando pelos testículos, é imensa.
Há um pouco das vacas também em vários produtos da indústria alimentícia – e não estamos falando só de bife à parmegiana. A gelatina deve a consistência ao colágeno arrancado da pele e dos ossos. Aliás, quase toda comida elástica contém colágeno – da maria-mole ao chiclete. Os queijos curados são feitos com uma enzima do estômago do bezerro. Além dos bovinos, vários outros animais são usados pela indústria de comida. Vegans devem ficar de olho nos rótulos e evitar dois corantes: coxonilha e carmin. O primeiro, usado para tingir de azul, é feito de besouros moídos. O segundo, que pinta de vermelho, é feito de lesmas amassadas.

O planeta precisa de carne?
Na verdade, se todos fossem vegetarianos, é provável que não houvesse tanta fome no mundo. É que os rebanhos consomem boa parte dos recursos da Terra. Uma vaca, num único gole, bebe até 2 litros de água. Num dia, consome até 100 litros. Para produzir 1 quilo de carne, gastam-se 43 000 litros de água. Um quilo de tomates custa ao planeta menos de 200 litros de água.
Sem falar que damos grande parte dos vegetais que produzimos aos animais. Um terço dos grãos do mundo viram comida de vaca. No Brasil, o gado quase não come grãos – graças ao clima é criado solto e se alimenta de grama. Mas boa parte da nossa produção de soja, uma das maiores do mundo, é exportada para ser dada ao gado. Outra questão é que a pecuária bovina estimula a monocultura de grãos. Num mundo vegetariano haveria lavouras mais diversificadas e teríamos muito mais recursos para combater a fome.
E não se trata só de comida. A pecuária esgota o planeta de outras formas. “Para começar, ocupa um quarto da área terrestre e não pára de se expandir”, diz o ativista vegetariano Jeremy Rifkin. A pressão para a derrubada das florestas, inclusive a amazônica, vem em grande parte da necessidade de pasto. Entre os danos ambientais causados pelo gado, está também o aquecimento global. Os gases da flatulência de bois e ovelhas – não, isso não é uma piada – estão entre os principais causadores do efeito estufa.

Como vimem - e morrem - os animais
Boi
No Brasil, os bois são criados soltos. Provavelmente, essa forma de criação é menos terrível que a de países frios do Cone Sul e da Europa, onde os invernos matam o pasto e fazem com que os animais fiquem fechados em áreas apertadas, comendo só ração. Isso não quer dizer que seja o melhor dos mundos. Os animais muitas vezes passam fome, vivem cheios de parasitas e apanham copiosamente. “O manejo no Brasil é muito bruto”, diz o etólogo Mateus Paranhos da Costa, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Jaboticabal, especialista no assunto.
Não existe aqui no Brasil a produção de vitela – carne muito branca e macia de bezerros mantidos em jaulas superapertadas para evitar que se movimentem. Para acentuar a brancura da carne, os criadores não permitem que o bezerro coma grama ou grãos, só leite – a dieta tem que ser pobre em ferro e em outros nutrientes, forçando uma anemia no animal. Com isso, torna-se necessário o consumo de antibióticos, para diminuir o risco de infecções do animal desnutrido. “A vitela deveria ser proibida no mundo inteiro”, afirma o agrônomo e etólogo Luiz Carlos Pinheiro Machado Filho, especialista em técnicas de manejo da Universidade Federal de Santa Catarina.
Para matar um boi, primeiro se dá um disparo na testa com uma pistola de ar comprimido. O tiro deixa o animal desacordado por alguns minutos. Ele então é erguido por uma argola na pata traseira e outro funcionário corta sua garganta. “O animal tem que ser sangrado vivo, para que o sangue seja bombeado para fora do corpo, evitando a proliferação de microorganismos”, diz Ari Ajzenstein, fiscal do Serviço de Inspeção Federal (SIF), que zela para que as regras de higiene e de bons tratos no abate sejam cumpridas.
Em 1997, a ativista de direitos dos animais americana Gail Eisnitz escreveu o bombástico livro Slaughterhouse (“Matadouro”, inédito no Brasil), no qual acusava os matadouros de sangrar muitos animais ainda conscientes. “Não vou dizer que isso não acontece no Brasil, mas não é freqüente”, afirma Mateus Paranhos.
O abate a marretadas está proibido no país, o que não quer dizer que não aconteça – já que quase 50% dos abates são clandestinos e, portanto, sem fiscalização. O problema da marretada é que não é fácil acertar o boi com o primeiro golpe. Muitas vezes, são necessários dezenas para desacordá-lo.

Galinhas
Essas quase sempre levam uma vida miserável. Vivem espremidas numa gaiola do tamanho delas. As luzes ficam acesas até 18 horas por dia – assim elas não dormem e comem mais (isso acontece principalmente com as que produzem ovos). Seus bicos são cortados para que não matem umas às outras e para evitar que elas escolham que parte da ração querem comer – caso contrário, ciscariam apenas os grãos de seu agrado e deixariam de lado alimentos que servem para que engordem rápido.
A morte é rápida. As galinhas ficam presas numa esteira rolante que passa sob um eletrodo. O choque desacorda a ave e, em seguida, uma lâmina corta seu pescoço. O esquema é industrial. Hoje, nos Estados Unidos, são abatidas, em um dia, tantas aves quanto a indústria levava um ano para matar em 1930. Nas granjas de ovos, pintinhos machos são sacrificados numa espécie de liquidificador gigante. Parece horrível, mas é a mais indolor das mortes descritas aqui.
Porcos
Outros azarados. Não têm espaço nem para deitar confortavelmente. “São confinados do nascimento ao abate”, diz Pinheiro Filho. As gestantes são forçadas a parir atadas a uma fivela, apertadas na baia. O abate é parecido com o de bovinos, com a diferença que o atordoamento é feito com um choque elétrico na cabeça e que o animal é jogado num tanque de água fervendo após o sangramento, para facilitar a retirada da pele. Gail Eisnitz afirma, em seu livro, que muitos porcos caem na água fervendo ainda vivos, mas isso provavelmente é incomum.

Patos e gansos
Os mais infelizes dos nossos alimentos provavelmente são os gansos e patos da França. O foie gras, um patê tradicional e sofisticado, é feito com o fígado inflamado das aves. Os produtores colocam um funil na boca delas e as entopem de comida por meses, fazendo com que o fígado trabalhe dobrado. Isso provoca uma inflamação e faz com que o órgão fique imenso, cheio de gordura. Ou seja, o patê, na prática, é uma doença. Há movimentos pedindo o banimento do produto. Não se produz foie gras no Brasil.
E o que fazer a respeito
Há uma verdade inescapável: ao comermos carne, somos indiretamente responsáveis pela morte de seres que têm pai, mãe, sofrem, sentem medo. “Os vertebrados sentem dor”, diz Rita Paixão, fisiologista e bioeticista da Universidade Federal Fluminense. Isso é um fato e, se você pretende continuar comendo carne, é bom se acostumar com ele. Mas podemos ao menos minimizar o sofrimento, escolhendo comidas que impliquem em menos crueldade. O mercado oferece alternativas.
Uma delas são os ovos caipiras, produzidos por galinhas criadas soltas, em companhia de galos, sob o sol – um desinfetante natural –, comendo o que querem com seus bicos inteiros. A maior granja brasileira de ovos caipiras é a Yamaguishi, que distribui “ovos da galinha feliz” pela região de Campinas e em São Paulo. “Os ovos que nós produzimos... quer dizer, que nossas galinhas produzem”, diz Marcelo Minutti, gerente da granja, “são mais saborosos e não contêm substâncias químicas.”
Frangos caipiras, criados em condições semelhantes, também já são encontrados nos supermercados. Sua carne é mais dura, mas é mais saborosa e a chance de conter substâncias perigosas, como hormônios e antibióticos, é mínima. A rede Carrefour, graças a uma política da sede francesa, é uma das que oferece o produto. Ele faz parte da linha “garantia de origem”, só de produtos feitos com essa preocupação.
Os bois certificados com “garantia de origem” são bem alimentados e criados por pessoas treinadas por especialistas em comportamento animal para entender como ele pensa e manejá-lo sem violência. “Agora vamos produzir porcos com origem garantida, criados soltos”, diz o veterinário Adolfo Petry, responsável, no Carrefour, pelos produtos animais garantidos com o selo. Produtos assim custam entre 50% e 100% a mais que os convencionais. Apesar do interesse crescente do consumidor em diminuir a crueldade (numa pesquisa feita pela Super na internet, 85% das 2408 pessoas disseram que deixariam de comer alimentos se soubessem que eles causam sofrimento para animais), a procura por esses produtos ainda é muito pequena.

A vaca e a humanidade
A criação de gado foi uma das maiores forças ditando os rumos da humanidade. Essa é a opinião do escritor Jeremy Rifkin, ativista polêmico, vegetariano convicto e pesquisador competente – um dos maiores críticos da biotecnologia e, por tabela, um dos maiores inimigos do establishment científico. Rifkin, em seu Beyond Beef (“Além da carne”, sem versão em português), mostra que devemos muitas coisas importantes ao hábito de criar vacas para matar. Veja algumas delas:

Deus
Algumas das primeiras pinturas nas cavernas representavam vacas. Devemos à carne nossas primeiras manifestações artísticas e, possivelmente, a origem das nossas religiões – essas pinturas são o primeiro registro de uma humanidade preocupada com o mundo espiritual, acertando as contas com os animais que matava.

Diabo
As tribos nômades de cavaleiros que habitavam a Eurásia há 6 000 anos juntavam gado selvagem e o criavam nos pastos naturais. Esses pastores cultuavam um deus-touro, chamado Mithra, símbolo da força, da masculinidade, do poder. A necessidade de pastos novos a cada vez que acabava o antigo fazia deles expansionistas por natureza e, no início da era cristã, eles já tinham se espalhado da Índia a Portugal. Com isso, o culto a Mithra tornou-se muito popular no Império Romano. Para contê-lo, a Igreja adotou sua data sagrada, o dia de Mithra – 25 de dezembro. Estava estabelecido o Natal. Depois, no Concílio de Toledo, em 447, a Igreja publicou a primeira descrição oficial do diabo, a encarnação do mal: um ser imenso e escuro, com chifres na cabeça. Como Mithra.

Grandes navegações
Na Idade Média, a carne raramente era fresca e, por isso, havia muita demanda de temperos para disfarçar o sabor. Ao mesmo tempo, tinham se esgotado os pastos da Europa – não havia mais para onde levar os rebanhos crescentes. Resultado: os europeus caíram no mar em busca de um caminho para as especiarias indianas e de espaço para soltar os bois. Acharam mais espaço do que imaginavam: a América. Hoje, Estados Unidos, Brasil, Uruguai e Argentina têm alguns dos maiores rebanhos do mundo.

Conquista do Oeste
Em 1870, boa parte dos Estados Unidos tinha se transformado em pasto. Mas havia um obstáculo para a expansão. Os campos do oeste americano estavam tomados por hordas de búfalos, que serviam de caça para as tribos indígenas. O governo americano não queria os búfalos, difíceis de manejar, e temia os índios. Adotou, então, uma solução simples: matar os búfalos e, assim, deixar os índios sem comida. É assim que Rifkin resume a heróica “conquista do Oeste”.
Naquela década, matar búfalo foi o que mais se fez na região. Havia “excursões turísticas” nas quais um trem emparelhava com manadas e os passageiros começavam a atirar. As carcaças eram abandonadas ao longo da ferrovia. Cowboys como Buffalo Bill se tornaram lendários por matar até 40 búfalos numa caçada. Em dez anos, as manadas, que eram tão grandes que levavam horas para passar, sumiram. Em 1881, a tradicional Dança do Sol da tribo kiowa foi adiada por dois meses porque os índios não conseguiam encontrar um só búfalo para o sacrifício ritual. Finalmente, acharam um animal solitário e o mataram. No ano seguinte, não encontraram nenhum.

Indústria moderna
No final do século XIX surgiu uma novidade na indústria da carne: a esteira rolante. Em vez de depender de um açougueiro habilidoso, o matadouro podia usar vários funcionários pouco especializados, cada um fazendo um pouco do trabalho, enquanto a carcaça se movia sozinha. Uma “linha de desmontagem”. Um dia, um mecânico que vivia em Detroit foi visitar essa linha. Anos depois, esse mecânico admitiria que a indústria do abate foi uma forte inspiração para a sua própria fábrica, batizada em 1903 com seu sobrenome. O nome desse mecânico? Henry Ford.
Agora é com você. O que vai ser? Brócolis ou cheeseburger?

MINHA GIOVANA NO FEMUSA ENTREGANDO O VIOLÃO AO ARTISTA SORTEADO

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