A quem interessa a desmilitarização das Polícias
Militares?A violência e a insegurança tornaram-se cotidianas na sociedade
brasileira e, assim, tornam-se justas e inapeláveis as buscas por medidas que
revertam este perverso cenário. Dentre as diversas ideias entabuladas, tramita
atualmente no Congresso Nacional a Proposta de Emenda Constitucional - PEC-51,
de autoria do Senador Lindbergh Farias, do PT. A PEC 51 traz em seu texto
diversos aspectos relacionados ao tema da segurança pública. Contudo, é irrefutável
que a única grande transformação inserida no texto é a desmilitarização das
polícias militares e a implementação do ciclo completo de polícia. Nesses
termos, a proposta aponta a desmilitarização como a panacéia, a solução de
todos os problemas do sistema de segurança pública. Entretanto, não apresenta
qualquer argumento concreto que demonstre que a substituição do modelo militar
pelo civil seja capaz de contribuir para tornar esse sistema mais eficiente.Em
linha oposta, o trabalho hoje realizado pelas polícias militares, mesmo que
solapado pela ineficácia do Sistema de Justiça Criminal como um todo, ainda é
suficiente para promover a paz social. Se os resultados não são melhores, não é
em razão da adjetivação de militar, adotada pela polícia, e sim por uma quase
falência do sistema supramencionado e pelo fomento ao crime advindo de
legislações inadequadas e incondizentes com a realidade atual.E no processo de
endemonização do sistema vigente, promoveu-se uma completa inversão de valores,
onde o bandido recebe todo o tipo de atenção e suporte das ONGs dos direitos
humanos, gerando violentos protestos de rua em São Paulo e Rio. Noutro caminho,
a morte de um policial não passa de uma efêmera nota de rodapé no noticiário. O
processo de reversão, mais que uma mudança de modelo, exige o restabelecimento
da ordem onde não basta tratar como herói o policial – também é preciso tratar
o cidadão infrator como bandido. Esta inversão de valores promove o policial
militar como inimigo público número um, enquanto se concede ao criminoso o
monopólio dos direitos humanos, mesmo em detrimento de toda a sociedade
ordeira.Aventando a extinção das polícias militares como eventual consequência
da mencionada PEC, ter-se-á, de imediato os seguintes impactos: 1. Drástica
redução da nossa capacidade de proteção do território nacional. Com efeito, o
efetivo atual das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) é de cerca
de 370 mil homens enquanto as forças de reserva são de cerca de 1 milhão de
homens e destes, a metade são pessoas que prestaram o serviço militar (entre 18
e 45 anos). A outra metade é composta pelos policiais militares de todos os
Estados do Brasil, que, em caso de guerra ou grave perturbação da ordem
interna, serão acionados para defenderem a Pátria. Retirando-se as policiais
militares desse contingente, reduz-se à metade o efetivo das Forças Armadas,
enfraquecendo-se as defesas da Nação.2. Com as diretrizes de atuação sendo
emanadas Governo Federal, centraliza-se ainda mais o poder, dificultando-se a
adequação às realidades culturais de cada Estado.3. O projeto aponta a
desmilitarização das Polícias Militares do Brasil como a panacéia, a solução de
todos os problemas da segurança pública. Na verdade essa mudança não alteraria
em nada o evidente recrudescimento da criminalidade, já que o problema não está
nas polícias militares do Brasil. 4. Perde-se uma instituição sedimentada e que
garante a segurança pública, substituindo-a por protótipos não testados e que
ficarão à mercê de vontades políticas diversas, comprometendo-se seriamente a
Democracia e, quiçá, a Ordem Pública.5. A desmilitarização geraria um cenário
de falta de controle, com desordem pública. Um contingente armado do tamanho do
efetivo policial brasileiro, sem as rígidas regras de controle permitidas pela
estrutura militar, seria um risco muito grande para a estabilidade
democrática.6. A criação de novos órgãos, conforme propõe a PEC 51/2013 em seu
artigo 144-B, provocaria o aumento do conflito de competência com a
concorrência das polícias municipais que seriam criadas.7. Haverá
comprometimento nas ações de socorro à população, decorrentes da redução de
capilaridade das ações de defesa civil, decorrentes da mudança da atribuição
conforme propõe o artigo 144-A, § 5º da PEC 51/2013.8. A desmilitarização poderá
impactar na quebra da disciplina, já que a condição de militar e os
regulamentos e normas do mitiê são fatores de contenção e controle interno das
policias militares. No que se refere à legitimidade da manutenção do status
quo, a grande maioria da população vê as polícias militares como amigas e têm,
nelas, a única presença estatal para atender os seus anseios. Tudo isto é
facilitado pela estética e pela formação militar que possibilita o atendimento
desburocratizado.A PEC 51 sequer aborda problemas que realmente afligem a
população em termos de segurança pública. Busca-se, pela proposta, uma solução
simplória e sem comprovação de eficiência, impingindo um risco incalculável a
toda a Nação. A desmilitarização das instituições policiais militares é uma
falácia e não é garantia para solução de qualquer problema de segurança
pública, já que as mazelas são decorrentes da falência de todo o sistema.Assim,
é importante fazermos as seguintes reflexões: 1. Não seriam as atuais leis
frouxas, quase sempre beneficiando o cidadão infrator, causas do
recrudescimento da criminalidade? Será que o povo está satisfeito com a
vitimização em razão da frouxidão dessas leis? Essas leis não carecem de
revisão? Não deveria o preso ficar preso e cumprir a pena que lhe foi imposta?2.
Não estaria o problema da segurança pública nas questões sociais que afligem o
país? Na desigualdade social? No consumismo? Na falta de valores morais? Na
ineficácia da família, como organismo de controle social, tal qual nos aponta o
ex-Secretário Nacional de Segurança Pública, Prof. Ricardo Balestreri?3. Não
estaria o problema da segurança pública relacionado à sobrecarga e na pouca
capilaridade dos órgãos de investigação criminal (no caso, a Polícia Federal e
a Polícia Civil); no acúmulo de processos e sobrecarga dos integrantes do
Ministério Público e do Poder Judiciário; na falta de fiscalização das nossas
fronteiras, mal guarnecidas e por onde atravessam a maior parte das armas de
fogo e drogas aqui consumidas ou exportadas para outros continentes?4. Não
seria mais importante resolver problemas legislativos e estruturais, tornando
as leis mais severas, que são muito mais decisivos na criminalidade, do que se
enveredar numa aventura cujos indicativos de que esteja na direção errada são
muitos mais numerosos?5. Porque não há proposta que permita à Polícia Militar e
à Polícia Civil realizarem o ciclo completo de Polícia, já que essa proposta
aumentaria de forma estrondosa a capacidade de investigativa do Estado? A quem
ela não interessaria? Enfim, o problema está no sistema como um todo. Vemos,
portanto, que a escalada do crime não decorre do fato de termos uma polícia que
seja organizada com base em regras militares. Vários países têm organismos
militares cuidando da segurança pública e em nenhum essa situação é aventada
como causa de fracasso do sistema de prevenção e repressão criminal. É notório
que os valores e a filosofia militar das polícias inserem nessas instituições
adjetivos de respeito, ética e honestidade acima de tudo, fazem com que seus integrantes
sintam orgulho exatamente pelos valores cultuados. Desmilitarizar as polícias é
retirar esses valores que a fazem ser respeitada pelos cidadãos e temida pelos
criminosos. Se fossem feitas pesquisas dentro de presídios, certamente todos os
que lá cumprem penas iriam optar pela desmilitarização, pois aos infratores e
às pessoas de índole duvidosa muito interessa o enfraquecimento das Polícias
Militares.A desmilitarização, como medida mágica de solução, só irá
potencializar o desrespeito aos direitos e garantias individuais dos cidadãos e
assegurar aos “consultores de segurança” uma fonte de renda inesgotável, cujo
interesse é faturar milhões com aplicação de ideologias, claramente
assoberdadas pelo sentimento de retaliação, acentuando-se ainda mais as agruras
que são impingidas às classes sociais menos favorecidas.A roupagem militar das
polícias em nada tem a ver com as práticas executadas durante o período
ditatorial. As polícias modernizaram-se, aproximaram-se do cidadão, dentro de
conceitos de polícia comunitária e policiamento de proximidade. O portfólio de
serviços hoje executado na totalidade das polícias militares brasileiras prima
pela aproximação com a comunidade, com as escolas, com os clubes de serviço,
com a população em geral. É só perguntar. Exceções nesse bom relacionamento
existem, assim como existem em relação a todos os demais segmentos da
sociedade. Mas tratar o problema sob o enfoque da exceção é matar a vaca porque
o leite azedou.Dessa forma, o posicionamento individual à proposta deve ser
precedido de uma pertinaz análise sobre os fatos e interesses que a permeiam.
Mais que permitir soluções para os problemas reais, a proposta se apresenta
como uma ferramenta ideológica de objetivos até então desconhecidos.Reflitam e
votem no que for melhor para o futuro de nossas famílias.* Redação com base nos
argumentos de Felipe Moura Brasil (postado no blog de Felipe Moura Brasil, às
20:32, do dia 22/04/2014) Link da
matéria:http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/2014/04/22/o-perigo-e-a-falacia-da-desmilitarizacao-da-policia/
Meu blog foi criado para divulgar um festival de música cristã. Passou o festival, acabei descobrindo uma bela forma de falar de algo mais. Descobri que posso ser útil usando essa ferramenta, quem sabe até mudando comportamentos e situações?
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