[19h56 11/05/2014] Cel Calixto: A PEC-51 realmente fez aquilo a que se propôs, abrir o debate acerca de temas importantíssimos para a segurança pública, porém é impossível não ressaltar que ela carece de legitimidade junto aos operadores da segurança pública, pois foi construída de forma apartada imaginando-se que o problema da segurança está nessa ou naquela instituição. A defesa fervorosa do Prof. Luiz Eduardo Soares deixa clara a sua ligação íntima com o texto do Senador Lindberg Farias e mostra a falta de clareza da distância que separa o ideal do real. Uma proposta de alteração ampla como esta, antes de mais nada, condena as instituições e seus servidores pela insegurança na nossa sociedade, julgar o modelo atual sem que qualquer governo tenha lhe dado plena condição de desempenhar suas tarefas é no mínimo injusto e não deixa dúvidas sobre o futuro de uma nova corporação que acabará tendo o mesmo destino.
Tive a oportunidade de ver dois textos atribuídos ao Comandante-Geral da Polícia Militar de Minas Gerais que motivaram uma resposta do antropólogo Luiz Eduardo Soares que imediatamente desafiou o responsável pela PM de Minas Gerais a abrir um diálogo interno sobre a desmilitarização, pois, segundo ele, os militares da mais antiga polícia do país não podem expressar sua opinião, eu gostaria de saber quem foi ouvido na elaboração do texto da PEC-51, quem foram os grandes pensadores que condenaram a PM à morte e que agora exigem o debate. Neste mesmo sentido, que pronunciamento esperavam de um comandante frente a uma enquete que propõe a extinção da sua corporação? Como reagiriam deputados se uma PEC propusesse acabar com a Câmara dos Deputados e Assembleias Legislativas para transferir suas atribuições aos vereadores que conhecem melhor a territorialidade? Quem trabalha na segurança pública precisa de soluções concretas, propostas que servem para motivar a discussão, mas que são de difícil execução tendem a desestabilizar as corporações e trazem resultados nocivos, degradando ainda mais a autoestima dos policiais, a PEC 300 já mostrou isso.
Não defendo que as coisas se mantenham como estão, tanto que iniciamos em conjunto com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública o planejamento de uma série de diálogos sobre os temas mais polêmicos na área: desmilitarização, polícia única, carreira única e ciclo completo. Tenho a clara percepção de que se as instituições não mudarem por dentro, certamente mudarão por fora.
Cuidado com falsas promessas, cuidado com aquilo que deseja, você pode conseguir.
[19h56 11/05/2014] Cel Calixto: Texto enviado pelo Dr Macello da SENASP
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